O país enfrenta um paradoxo: vagas de trabalho sobram, mas faltam profissionais preparados para ocupá-las. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), até 2025 serão necessários quase 10 milhões de trabalhadores qualificados, mas apenas pouco mais de 7 milhões estarão disponíveis.
A informalidade ajuda a explicar o quadro. Dados do IBGE mostram que 40% da força de trabalho está fora da carteira assinada, um dos índices mais altos da América Latina. O gráfico abaixo mostra como essa taxa se manteve elevada nas últimas duas décadas e deve continuar próxima desse patamar até 2030.
Outro fator é a relação custo-benefício entre o trabalho formal e os programas sociais. Para muitas famílias de baixa renda, a diferença entre benefícios governamentais e empregos de R$ 1.200 ou R$ 1.400 é mínima. Nesse cálculo, manter-se fora do mercado formal pode parecer mais vantajoso.
A chamada “geração Nutella” também simboliza mudanças de expectativa. Jovens não aceitam mais jornadas longas, baixos salários e ausência de carreira. Em vez disso, buscam renda em aplicativos, freelas e até em apostas online.
O resultado é um país onde motoristas de aplicativo conseguem ganhar mais que trabalhadores com carteira assinada. Isso explica por que a economia paralela atrai tantos e por que a qualificação técnica não acompanha as necessidades do setor produtivo.
Sem mudanças na educação, nos incentivos à formalização e nas políticas de emprego, a projeção é clara: a informalidade deve continuar próxima a 40% até 2030, perpetuando um círculo vicioso de baixa produtividade e vagas que ninguém consegue preencher.
Nos últimos anos, empresários e instituições de ensino técnico vêm apontando um paradoxo: há vagas sobrando, mas falta gente qualificada. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), até 2025 o Brasil precisará de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados em setores como tecnologia, construção civil, logística e saúde. Entretanto, apenas ¼ da população economicamente ativa tem formação técnica ou superior adequada para essas demandas.
Além disso, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) mostra que 40% da população ocupada está na informalidade, o maior índice da América Latina depois da Bolívia. Isso reduz incentivos para buscar qualificação formal.