O choro de um bebê é sempre um som de esperança, mas, quando ele chega antes do tempo, vem acompanhado de desafios e cuidados redobrados. O Novembro Roxo é dedicado à conscientização sobre a prematuridade, tema lembrado especialmente em 17 de novembro, Dia Mundial da Prematuridade. O objetivo é alertar sobre o aumento dos partos prematuros, orientar sobre prevenção e informar sobre as consequências do nascimento antecipado para o bebê, a família e os profissionais de saúde, garantindo que mais crianças tenham um início de vida saudável.

Prematuridade

A prematuridade é definida pelo nascimento que ocorre antes das 37 semanas de gestação. Para o bebê, os riscos de saúde variam conforme a idade gestacional.

Mães com complicações na gestação correm mais riscos, que, em casos graves, podem levar ao óbito. Já os bebês muito prematuros, especialmente os que nascem antes dos sete meses, com o sistema neurológico ainda imaturo, costumam precisar de longos períodos de internação em UTI.

“Existe aquele prematuro extremo, que nasceu antes do terceiro trimestre, com baixo peso e risco maior. Mas, em geral, o maior risco nos bebês prematuros é o pulmão não estar desenvolvido e o risco de infecção, por conta do tempo de internação em unidades de terapia intensiva”, explicou o ginecologista e obstetra Francisco Mota, do Hospital Inácia Pinto dos Santos, o Hospital da Mulher.

A prevenção começa muito antes do parto

Ao Acorda Cidade, Francisco Mota destacou que a prevenção eficaz da prematuridade é uma jornada que se inicia com o planejamento familiar e se solidifica com o acompanhamento médico.

O planejamento familiar adequado permite à mulher realizar exames e suplementar o necessário antes de engravidar (como ferro e ácido fólico), diminuindo riscos. Durante a gestação, a adoção de hábitos saudáveis é fundamental.

• Bons hábitos alimentares;
• Atividade física regular;
• Ganho de peso adequado.

Esses cuidados reduzem significativamente o risco de desenvolver condições como a pré-eclâmpsia e o diabetes gestacional, que são grandes causadores de partos prematuros.

“Planejamento familiar não é evitar ter filho, é ter na hora que o casal deseja ter. Então, se a gente já tem uma gestação que foi planejada, a gente já vai diminuir os riscos dessa mulher. A mulher que vai para uma gestação planejada já realizou os exames e, eventualmente, fez a suplementação do que precisava.”

E a gravidez não planejada?

Mesmo em casos de gravidez não planejada, o importante é iniciar o pré-natal o mais rápido possível, para detectar alterações e prevenir complicações.

A importância do pré-natal

O início rápido e a adesão ao pré-natal são cruciais para detectar e prevenir complicações.

“O pré-natal tem que ser feito na atenção básica de saúde. Hoje a gente tem dois tipos: o de risco habitual e o de alto risco. Se, no pré-natal de risco habitual, se detecta alguma alteração, como elevação da pressão ou aumento da glicemia, essa gestante é encaminhada para o de alto risco, que vai ter um cuidado maior para evitar complicações”, detalhou Francisco em entrevista ao Acorda Cidade.

A inclusão de exames preventivos, como a ultrassonografia para medida do colo do útero, é uma ferramenta de baixo custo, oferecida pelo SUS, e de alta eficácia para identificar gestantes com grande risco de prematuridade.

Nos casos em que o nascimento antecipado é inevitável, o cuidado especializado faz toda a diferença, tanto para a mãe quanto para o bebê.

“A UTI neonatal é de extrema importância para dar a assistência que esse recém-nascido precisa naquele momento. Temos hoje, no hospital, uma equipe multidisciplinar que faz com que nossos dados de sobrevida na UTI neonatal sejam muito bons, com o desenvolvimento desses bebês também muito bom. Mesmo porque, quando eles recebem alta, são acompanhados no ambulatório de pediatria do nosso hospital.”

“Normalmente, a linha de corte é um bebê com 2 quilos. Se o bebê nasceu, ele vai perder por volta de 10% do peso, é normal. Então, a gente tem que fazer com que esse bebê ganhe peso para que ele possa sair da UTI e receber alta do hospital”, explicou.

FONTE: ACORDA CIDADE