
O mundo se despediu, neste sábado (26/4), do papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano da história da Igreja Católica. Após ser velado na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e transportado até a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, o corpo do papa foi sepultado, por volta das 8h10 (horário de Brasília).
O Metrópoles transmite ao vivo a cobertura completa da despedida do papa Francisco, com apresentação da jornalista Natália André, entrevistas especiais, participação de especialistas e atualizações em tempo real diretamente de Roma.
O funeral começou às 10h do horário local – 5h no horário de Brasília –, com uma cerimônia é presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.
Por volta das 7h20 do horário de Brasília, teve início o cortejo fúnebre de papa Francisco pelas ruas do Vaticano. Em seguida, o caixão com o corpo do pontífice saiu da Basílica de São Pedro até a de Santa Maria Maggiore, para ser enterrado em local de acesso público, como pedido pelo próprio líder religioso.
Enquanto deixava o Vaticano, o carro que transportava o caixão do papa foi aplaudido por pessoas nas ruas, que se mantiveram majoritariamente em silêncio, em respeito à morte de Francisco.
Pouco depois de chegar à Basílica de Santa Maria Maior, o corpo foi sepultado durante uma cerimônia marcada por ritos religiosos e mais homenagens fúnebres.
Veja o trajeto percorrido:

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A Missa das Exéquias marcou o início do tradicional Novendiali, os nove dias de luto e orações dedicados à memória do pontífice. Após a celebração eucarística, ocorrem os ritos da Última Commendatio e da Valedictio, solenidades que simbolizam o encerramento oficial das exéquias.
Homilia
Durante a homilia da missa, momento em que o celebrante comenta uma passagem do Evangelho da Bíblia, Giovanni Battista Re relembrou características de Francisco e comentou mudanças promovidas pelo líder religioso durante os anos de papado.
“O papa deixou uma marca de personalidade forte na Igreja [Católica]. Desejou estar próximo a todos, com especial atenção às pessoas em dificuldade, dedicando-se até o fim aos últimos da terra. Ele foi para o meio do povo, dedicando-se a todos, e atento ao novo que surgia na sociedade”, afirmou.
A sensibilidade de Francisco aos dramas das pessoas também foi lembrada pelo cardeal decano: “O papa compartilhou ansiedades, sofrimentos e esperanças de nosso tempo, além de se entregar a uma mensagem direta, de forma a atingir o coração das pessoas”.
“O fio condutor da missão dele foi a convicção de que a igreja é uma casa para todos, uma casa com as portas sempre abertas. E Francisco sempre colocou no centro o evangelho da misericórdia, sublinhando que Deus não se cansa de perdoar”, destacou Giovanni.
Trajetória de um papa singular
Francisco foi eleito em 13 de março de 2013, após a renúncia do papa Bento XVI. Nascido Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, capital da Argentina, foi o primeiro papa da América Latina e também o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.
Durante mais de uma década de pontificado, destacou-se pelo estilo simples, pela preocupação com os pobres e com o meio ambiente e por buscar uma Igreja mais aberta e inclusiva.
Entre os principais legados de Francisco estão a encíclica Laudato Si’, sobre a ecologia integral, além do esforço constante por diálogo inter-religioso e pela paz global. Também marcou o papado o incentivo à reforma da Cúria Romana e o enfrentamento a temas sensíveis dentro da Igreja, como os casos de abusos sexuais cometidos por integrantes do clero.

Ritos finais
Com a confirmação da morte de Francisco, os ritos iniciais foram conduzidos pelo cardeal camerlengo Kevin Joseph Farrell, responsável por retirar e destruir o “Anel do Pescador”, símbolo do pontificado, encerrando formalmente seu papado. Também lacrou a residência e os escritórios papais, que permanecerão fechados até a eleição do próximo papa.
O velório, diferente da tradição, ocorre com o corpo exposto em um caixão simples de madeira com revestimento de zinco, sem fechamento e sem deposição em sarcófago, conforme desejo do próprio Francisco.
Líderes mundiais comparecem ao velório
O Vaticano confirmou a participação de 130 delegações oficiais, inclusive de 50 chefes de Estado e 10 integrantes da realeza. Entre os presentes estão o presidente da Argentina, Javier Milei, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que embarcou para Roma na quinta-feira (24/4), acompanhado de representantes dos Três Poderes.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também estará presente, ao lado da primeira-dama Melania Trump. Outros líderes internacionais confirmados incluem Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Olaf Scholz (Alemanha) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia), que inclusive propôs um encontro com Trump durante o evento. O príncipe William representará o rei Charles III no funeral.
Espera-se que milhares de fiéis compareçam à Basílica de São Pedro neste sábado (26/4). Em funerais anteriores, cerca de 50 mil pessoas estiveram presentes no de Bento XVI, em 2023, enquanto mais de 300 mil participaram da despedida de João Paulo II, em 2005.
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O que acontece depois
A Igreja entra agora no período de novendiales, que se estende por nove dias com missas e orações diárias. Durante esse tempo, os cardeais se reúnem em Congregações Gerais para tratar dos assuntos administrativos urgentes e organizar o conclave que elegerá o sucessor de Francisco.
O conclave, realizado na Capela Sistina, é uma votação secreta que deve ocorrer entre 15 e 20 dias após a morte do papa. A eleição é sinalizada pela tradicional fumaça branca que sai da chaminé da capela.
A missa de posse do novo papa costuma ocorrer até cinco dias após sua eleição, mas a data exata será definida pelo próprio pontífice eleito.
FONTE :METRÓPOLES