
Uma mulher que esteve em Angola, na África, recentemente, morreu em Pouso Alegre, no Sul de Minas, após contrair malária pelo Plasmodium falciparum — protozoário responsável pela forma mais grave e letal da doença. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) confirmou que o óbito foi registrado nessa quarta-feira (12/11).
De acordo com a SES-MG, a paciente procurou atendimento no último domingo (9/11), ocasião em que foi medicada e liberada. Dois dias depois, conforme a pasta, ela apresentou piora no quadro clínico e foi transferida para o Hospital das Clínicas Samuel Libânio. Porém, na quarta-feira (12), a mulher faleceu.
“A investigação aponta que a paciente esteve recentemente em Angola. O caso está sendo apurado pelo município, com apoio da Unidade Regional de Saúde de Pouso Alegre”, informou a SES-MG.
A pasta reiterou que atua no fortalecimento da vigilância da doença em todo o território mineiro, com ações contínuas de educação em saúde, organização da rede assistencial para atendimento aos casos suspeitos na rede SUS, além da elaboração e atualização de notas técnicas relacionadas à Vigilância Epidemiológica e Laboratorial da malária.
Confira detalhes sobre a malária, conforme o Ministério da Saúde
Segundo o Ministério da Saúde, a malária é uma doença infecciosa causada por parasitos do gênero Plasmodium, transmitidos aos humanos pela picada de fêmeas infectadas de mosquitos Anopheles (mosquito-prego). Esses mosquitos são mais abundantes nos horários crepusculares — ao entardecer e ao amanhecer —, embora sejam encontrados picando durante todo o período noturno. Portanto, não se trata de uma doença contagiosa: uma pessoa infectada não transmite malária diretamente a outra.
A enfermidade também é conhecida como impaludismo, paludismo, febre palustre, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã maligna, além de nomes populares como maleita, sezão, tremedeira, batedeira ou febre. Toda pessoa pode contrair a doença. Indivíduos que tiveram vários episódios podem desenvolver imunidade parcial, apresentando poucos ou nenhum sintoma. Entretanto, não há imunidade esterilizante — aquela que confere proteção total. Caso não seja tratado adequadamente, o indivíduo pode permanecer como fonte de infecção por meses ou anos, dependendo da espécie parasitária.
No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica, composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Nas regiões extra-Amazônicas, que abrangem as demais unidades federativas, apesar do menor número de notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois a letalidade é maior do que na Amazônia.
A malária é uma doença que tem cura, e o tratamento é eficaz, simples e gratuito. Entretanto, ela pode evoluir para formas graves se não for diagnosticada e tratada de forma oportuna e adequada.
Como se proteger?
- Borrifação residual intradomiciliar (BRI);
- Uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração;
- Pequenas obras de saneamento para drenagem e aterro de criadouros do vetor;
- Limpeza das margens dos criadouros;
- Melhorias na moradia e nas condições de trabalho;
- Roupas que protejam pernas e braços;
- elas em portas e janelas;
- Uso de repelentes.
- Aos profissionais de saúde: acessem os calendários do mosquiteiro com orientações para a lavagem correta.
Existe vacina para a malária no Brasil?
Não existe vacina contra a malária disponível no Brasil. A vacina existente é voltada apenas para alguns países africanos com alta transmissão por Plasmodium falciparum e é destinada exclusivamente a crianças pequenas.
Transmissão da doença
A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles infectada por uma ou mais espécies de protozoários do gênero Plasmodium. O mosquito anofelino é conhecido também como carapanã, muriçoca, sovela, mosquito-prego ou bicuda. Ele é mais abundante ao entardecer e ao amanhecer, mas pode picar durante toda a noite. Apenas as fêmeas transmitem a doença. A malária não é transmitida pela água.
Os criadouros desses mosquitos consistem em coleções de água limpa, sombreada e de baixo fluxo, comuns na Amazônia brasileira. O ciclo tem início quando o mosquito pica uma pessoa infectada e suga sangue com os parasitos. Dentro do mosquito, eles se desenvolvem e se multiplicam. O ciclo se completa quando o inseto infectado pica um novo indivíduo, transmitindo o parasito. Assim, o ciclo de transmissão envolve o plasmódio (parasito), o anofelino (mosquito vetor) e os humanos.
O período de incubação — intervalo entre a picada e o surgimento dos primeiros sintomas — varia conforme a espécie de plasmódio: no Plasmodium falciparum, o mínimo é de sete dias; no P. vivax, de 10 a 30 dias; e no P. malariae, de 18 a 30 dias. Não há transmissão direta de pessoa para pessoa. Outras formas de transmissão, mais raras, podem ocorrer por transfusão sanguínea, uso de seringas contaminadas, acidentes de laboratório e transmissão congênita.
Os sintomas mais comuns da malária são:
- Febre alta;
- Calafrios;
- Tremores;
- Sudorese;
- Dor de cabeça, que pode ocorrer de forma cíclica.
FONTE: O TEMPO