
Diagnosticada com um caso grave de câncer de mama, Márcia Regina de Souza, de 52 anos, foi chamada de “calvinha do esquema” pelo prefeito de Campo Limpo Paulista, no interior de São Paulo, Adeildo Nogueira (PL), durante uma live nessa quinta-feira (23/10). A mulher vem travando uma batalha contra a gestão municipal para conseguir ter acesso a medicamentos para quimioterapia.
Segundo ela, o prefeito debocha da sua condição de saúde e se recusa a comprar os remédios porque ela é próxima a um vereador da oposição e trabalhou como recepcionista na antiga gestão. Além de chamá-la de “calvinha”, Adeildo também disse, sem citar nomes, que estava se referindo à “grilerinha do bezerro” e à “nossa querida Boulas do Jardim Marquetti”. O local citado pelo prefeito é o bairro onde Márcia mora (vídeo abaixo).
“Não vejo as lives dele, mas ele citou a “calvinha”, e chegou até mim. Eu não me conformei. Ele poderia ter falado qualquer outra coisa. Me perdoa a palavra, mas ele poderia ter me chamado até de ‘vagabunda’, mas não se mexe com esse tipo de doença. É uma doença que é muito triste. Uma doença que você sabe que não tem cura”, disse Márcia ao Metrópoles.
Há três anos, os médicos identificaram que Márcia tem carcinoma triplo negativo de mama, um tipo mais agressivo da doença. Durante o tratamento, ela também contraiu diabetes e, desde o início da nova gestão, tem tido dificuldade para acessar tanto a insulina, quanto o anastrasol, remédio usado no tratamento do câncer.
O problema, segundo ela, atinge todos os pacientes oncológicos e diabéticos da cidade. Para fazer exames de ultrassom, por exemplo, eles precisam ir até a cidade vizinha de Jundiaí receber atendimento. O problema já acontecia na gestão anterior, mas, segundo ela, havia uma “condescendência” da Prefeitura para comprar remédios e conseguir atendimentos quando os pacientes solicitavam ou entravam com mandado de segurança na Justiça.
“Eu fui cobrar ele numa terça-feira, dizendo ‘a gente tá precisando de oncologista’, e ele me disse ‘mas você fazia parte da gestão passada’. Ele não sabe separar a pessoa física do munícipe, que precisa de auxílio. Eu sempre fiz o tratamento pela rede pública e tinha pelo menos os medicamentos. A gente pedia e eles compravam, mandava buscar, hoje a gente não tem”.
O Metrópoles entrou em contato com a prefeitura de Campo Limpo e aguarda retorno.
FONTE: METROPÓLES