MP de Contas apura suposta promoção pessoal de Pazolini em programa social da PMV

Portaria aponta indícios de uso político de doação de eletrodomésticos e determina investigação sobre o prefeito de Vitória e o secretário Diego Libardi

O Ministério Público de Contas do Espírito Santo (MPC-ES) instaurou procedimento preparatório para investigar o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), e o secretário de Direitos Humanos e Trabalho, Diego Libardi, por suposta promoção pessoal e uso político de recursos públicos no âmbito do programa social “Casa Feliz e Segura”, que distribuiu eletrodomésticos a famílias carentes da capital.

A iniciativa, oficializada na Portaria n. 002/2024, assinada pelo procurador de contas Luciano Vieira, parte de denúncia recebida por e-mail no início de março. O relato acusava a Prefeitura de Vitória de utilizar o programa em formato populista e com viés eleitoreiro, em razão da proximidade das eleições municipais deste ano, em que Pazolini tentará a reeleição.


Denúncia: “circo emocional” e vídeos promocionais

De acordo com a notícia de fato, o prefeito e o secretário participaram pessoalmente da entrega de fogões, geladeiras e televisores, registrando em vídeos e publicando em redes sociais oficiais e pessoais.

O documento do MPC reproduz o teor da denúncia, que classificou a ação como “performance a la Silvio Santos”, em tom de espetáculo, com a presença direta do prefeito nas casas dos beneficiários. “Não é uma entrega de arroz e feijão. É sorteio de eletrodomésticos com promoção pessoal do prefeito candidato à reeleição”, destacou o texto da acusação.


Base legal e mudanças recentes

O programa foi autorizado pela Lei Municipal n. 9.988/2023, aprovada em novembro do ano passado, permitindo a doação de bens a famílias hipossuficientes inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) e atendidas pelo CRAS.

No entanto, em abril de 2024, a legislação foi alterada pela Lei n. 10.051/2024, sancionada por Pazolini, que ampliou o público-alvo e flexibilizou critérios, como exigências de renda e comprovação socioeconômica.

Para o Ministério Público de Contas, a forma de execução, associada à imagem do prefeito, pode caracterizar ato de improbidade administrativa e até ilícitos eleitorais.


Providências do MP de Contas

A portaria determinou:

  • Notificação do prefeito Lorenzo Pazolini e do secretário Diego Libardi para se manifestarem em 15 dias sobre os apontamentos, apresentando documentos comprobatórios;
  • Encaminhamento posterior dos autos à 2ª Procuradoria de Contas;
  • Possível ofício à Promotoria Eleitoral de Vitória, caso se confirmem indícios de infrações eleitorais.

Impacto político

A investigação chega em um momento estratégico para a disputa municipal. Pazolini, que polariza a disputa do Governo do Estado com o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB)em pesquisas recentes, passa a enfrentar questionamentos sobre o uso de programas sociais como ferramenta de marketing eleitoral.

Caso sejam confirmadas irregularidades, o episódio pode gerar desdobramentos na Justiça de Contas, no Ministério Público Estadual e no âmbito eleitoral, com risco de ações por improbidade e até pedidos de inelegibilidade.


Linha do Tempo – Caso “Casa Feliz e Segura”

AÇÃO DO MPC-ES NA ÍNTEGRA – CLIQUE AQUI