
Morreu, aos 86 anos, Myrthes Bevilacqua Corradi, primeira deputada federal eleita pelo Espírito Santo. A causa da morte não foi informada.
“Recebo com profundo pesar a notícia do falecimento de Myrthes Bevilacqua, primeira mulher eleita deputada federal pelo Espírito Santo e exemplo de dedicação à educação e à justiça social. Em sua memória, decretarei luto oficial de 3 dias em todo o Espírito Santo.
Minha solidariedade à família, amigos e admiradores de sua trajetória”, escreveu o governador do estado, Renato Casagrande.
Myrthes Bevilácqua Corradi nasceu em Vitória, no dia 3 de fevereiro de 1939, sendo a filha mais velha de cinco irmãos. Concluiu o ensino primário no estado de Minas Gerais e, de volta ao Espírito Santo, estudou na Escola Normal Pedro II, que funcionava ao lado esquerdo do Palácio Anchieta, onde é hoje a escola Maria Ortiz, obtendo o diploma de normalista.
Segundo o Dôssie “Mulher e gênero na historiografia capixaba”, revista do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, Myrthes iniciou a carreira como professora particular. Com o passar do tempo, começou a substituir professoras que já atuavam na rede educacional, até que, por meio de um concurso público, foi aprovada e tornou-se professora efetiva da rede pública da educação estadual.
A atuação dela chamou a atenção do secretário de educação, que a convidou para ser assessora no gabinete da Secretaria de Educação, exercendo a função por alguns anos, o que a oportunizou a desenvolver um capital de relações com diversos representantes políticos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (ALES).
Fez curso de Direito na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), integrou o Centro Acadêmico e, neste local, pôde conhecer outras figuras de destaque do cenário estadual, tais como José Ignácio Ferreira, que foi eleito governador do Espírito Santo, em 1999. Neste período, chegou a participar como estudante da União Democrática Nacional (UDN) e de várias assembleias de estudantes.
Apesar de concluir o curso de Direito, não exerceu a função de advogada, optando por dedicar a vida profissional especialmente à educação. Foi durante o contexto da ditadura militar que Myrthes sentiu a necessidade de se mobilizar politicamente, tornando a mobilização um projeto político necessário à vida.
Foi eleita deputada federal pelo PMDB nas eleições de 1982, sendo a primeira mulher a ser eleita para o cargo no estado do Espírito Santo. Na Câmara, foi membro da Comissão de Serviço Público e suplente da Comissão de Trabalho e Legislação Social.
Durante a transição do regime militar pro regime democrático, Myrthes votou a favor da emenda Dante de Oliveira que restabelecia as eleições presidenciais de forma direta, e em Tancredo Neves na eleição presidencial indireta de 1985.
Tentou a reeleição em 1986, obtendo apenas uma suplência. Também tentou, sem sucesso, se eleger deputada federal em 1990, já pelo PCB, e em 1994, pelo PPS, se afastando de eleições até 2010, quando se candidatou a segunda suplente de senador na chapa derrotada de Rita Camata (PSDB).
Myrthes deixa três filhos. Ainda não há informações sobre velório e enterro.
FONTE: JORNAL GRANDE VITÓRIA