
O mau hálito, também conhecido como halitose, afeta milhões de brasileiros e é comumente atribuído a má higiene bucal, jejum prolongado ou doenças específicas. Mas será que existe uma explicação genética para o problema? É possível “herdar” o mau hálito de pais para filhos?
A resposta, segundo a Dra. Lígia Maeda, otorrinolaringologista especialista em halitose do Hospital Paulista, é não, ao menos não diretamente. “A genética não é uma causa direta do mau hálito, mas pode influenciar indiretamente ao favorecer condições que aumentam o risco de halitose”, afirma.
O que pode ser herdado?
De acordo com a especialista, alguns fatores com influência genética podem contribuir para a ocorrência do mau hálito:
- Predisposição a doenças periodontais: gengivites e periodontites, que afetam os tecidos de suporte dos dentes, são causas comuns de halitose.
- Características da saliva: a quantidade e a composição enzimática da saliva variam entre as pessoas, e essas diferenças podem ter base genética. “Uma saliva mais viscosa ou em menor volume dificulta a autolimpeza da boca e favorece a proliferação de bactérias”, explica a médica.
- Tendência a distúrbios gastrointestinais ou respiratórios: condições como refluxo, rinite crônica ou sinusites, que podem alterar o odor da respiração, também apresentam influência genética em muitos casos.
“O que herdamos não é o mau hálito em si, mas sim uma predisposição a doenças ou características biológicas que criam um ambiente propício ao seu desenvolvimento”, reforça Dra. Lígia.
Avaliação personalizada é essencial
Como a halitose pode ter múltiplas origens — bucais, nasais, gástricas e até comportamentais —, a abordagem clínica deve considerar o histórico familiar, mas também avaliar fatores ambientais e de estilo de vida.
“Pacientes que relatam casos de mau hálito na família devem passar por uma investigação criteriosa, que leve em conta tanto os fatores genéticos quanto os hábitos de higiene, alimentação e saúde geral”, orienta a especialista.
Existe tratamento?
Sim. Mesmo quando há uma predisposição genética, a halitose costuma ser controlável com orientação adequada. “O tratamento depende da causa. Pode envolver o dentista, o otorrino, o gastroenterologista e, em alguns casos, acompanhamento psicológico”, explica.
Além disso, mudanças simples como manter boa hidratação, escovar a língua corretamente e fazer visitas regulares ao dentista podem ajudar a manter o problema sob controle.
Informação como aliada
Para a Dra. Lígia, desmistificar as causas do mau hálito é fundamental para combater o estigma social que muitas vezes acompanha a condição. “Falar sobre mau hálito ainda é difícil para muita gente, mas é importante lembrar que a solução começa entendendo a causa. Com o diagnóstico certo, o tratamento fica muito mais simples e eficaz.”