
A ativista venezuelana e líder da oposição contra o ditador Nicolás Maduro foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira, 10.
Em nota, o Comitê Norueguês do Nobel disse que concedeu “o Prêmio Nobel da Paz de 2025 a María Corina Machado “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
A nota prossegue: “No último ano, a sra. Machado foi forçada a viver escondida. Apesar das sérias ameaças à sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões de pessoas. Ela uniu a oposição do seu país. Ela nunca vacilou em resistir à militarização da sociedade venezuelana. Ela tem sido firme em seu apoio a uma transição pacífica para a democracia”.
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— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 10, 2025
The Norwegian Nobel Committee has decided to award the 2025 #NobelPeacePrize to Maria Corina Machado for her tireless work promoting democratic rights for the people of Venezuela and for her struggle to achieve a just and peaceful transition from dictatorship to… pic.twitter.com/Zgth8KNJk9
O Prêmio Nobel da Paz, avaliado em 11 milhões de coroas suecas, ou cerca de US$ 1,2 milhão, será entregue em Oslo em 10 de dezembro, aniversário da morte do industrial sueco Alfred Nobel, que fundou a premiação em seu testamento de 1895.
A perseguição e a resistência de María Corina Machado
Em outubro de 2023, María Corina Machado venceu as eleições primárias na Venezuela, mas o regime de Maduro a impediu de concorrer à Presidência em 2024. Ela teve os direitos políticos cassados pela Corte Constitucional, alinhada à ditadura.

Apesar da perseguição e das ameaças, ela segue morando no país, em local não informado às autoridades. Frequentemente, pelas redes sociais e por entrevistas, María Corina denuncia a prisão arbitrária de opositores do regime. “Ela manteve-se no país, mesmo sob grave risco, inspirando milhões de pessoas”, afirmou o comitê do Nobel.
E prosseguiu: “Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem. A democracia depende de pessoas que se recusam a ficar em silêncio, que ousam dar um passo à frente apesar dos graves riscos e que nos lembram que a liberdade nunca deve ser considerada garantida, mas sempre defendida – com palavras, coragem e determinação.”
Nascida em 1967, na Venezuela, María Corina Machado é formada em engenharia e finanças. Em 1992, inaugurou a Fundação Atenea, voltada ao acolhimento e à educação de crianças de rua em Caracas. Dez anos depois, foi uma das idealizadoras da Súmate, organização que promove eleições livres e transparentes, reconhecida por treinar observadores e fiscalizar o processo eleitoral venezuelano.
Eleita deputada da Assembleia Nacional em 2010 com votação recorde, María Corina foi destituída do cargo em 2014 pelo governo chavista. Desde então, lidera o partido Vente Venezuela e ajudou a fundar a aliança Soy Venezuela, que reúne diferentes forças políticas comprometidas com a democracia.
Em 2023, anunciou sua candidatura à Presidência, mas teve a inscrição impedida pelo regime. Nas eleições de 2024, apoiou o opositor Edmundo González Urrutia, cuja vitória — segundo a oposição e institutos independentes — foi negada pelas autoridades, apesar das provas apresentadas.
FONTE: REVISTA OESTE