Marcos do Val: da cumplicidade ao pária político

Senador Marcos do Val -

Enquanto a água não bateu na bunda do senador Marcos do Val (Podemos), o parlamentar capixaba foi cúmplice silencioso do ministro Alexandre de Moraes no projeto seletivo que resultou, em 15 de dezembro de 2022, na prisão de vozes opositoras ao establishment, inclusive do Espírito Santo.

O senador frequentou os corredores do poder judicial. Chegou a acompanhar pessoalmente a então Procuradora-Geral de Justiça, Luciana Andrade, até o gabinete da assessoria direta do ministro Alexandre, entregando listas daqueles que seriam “cancelados judicialmente”: cidadãos marcados para prisões preventivas, cautelares e outras medidas restritivas, verdadeiras formas de tortura institucional.

Hoje, 25, Do Val desfila pelos Estados Unidos, arrotando bravatas como se fosse um herói que driblou as ordens autoritárias do mesmo ministro a quem antes serviu com obediência quase servil. Passou a ser descartado por Moraes quando seu jogo duplo veio à tona: prometeu gravar o ministro e causar o caos institucional, em benefício próprio.

O resultado? De cúmplice contra os capixabas, Marcos do Val virou um pária político. Um papagaio de pirata tentando se agarrar à imagem de Jair Bolsonaro, mesmo sendo rejeitado pela ala mais ideológica da Direita. O carma o alcançou: paga o preço por agir como alcoviteiro do sistema, sem fidelidade nem à base conservadora que o elegeu.

No mercado político, não tem mais crédito. A possibilidade de reeleição é praticamente nula. Carregará essa mácula pelo resto da vida pública: a de ter contribuído, por razões até hoje mal explicadas, para a perseguição de capixabas, entregues à repressão seletiva. Uma atitude farisaica.

A imprensa responsável deveria tratá-lo com mais rigor. Antes de apresentá-lo como “vítima de perseguição judicial”, é preciso recordar que ele próprio confessou em vídeos e depoimentos ter articulado com autoridades para o cerco legal a opositores. Desenhou o plano com detalhes: não é acusação, é autoincriminação.

Marcos do Val é um zero à esquerda e à direita nesta guerra institucional que agora se espalha além das fronteiras nacionais. Sua atuação como senador da República é vergonhosa, limitada a surtos em vídeos e discursos desconexos, revelando, talvez, déficits mais sérios do que meramente políticos.