
O ator e ex-diretor de humor da TV Globo Marcius Melhem e o jornalista Ricardo Feltrin se tornaram réus na Justiça do Rio de Janeiro por violência psicológica e perseguição (stalking) contra quatro mulheres que os acusam de disseminar publicamente comentários constrangedores e desqualificadores. Segundo a denúncia, esses atos teriam provocado ondas de ataques e mensagens de ódio contra as vítimas nas redes sociais.
A decisão de aceitar a denúncia, tomada pela juíza Juliana Benevides, ocorre após a transferência do processo da Justiça de São Paulo para o Rio. O caso tramita em sigilo. Parte das denúncias havia sido arquivada anteriormente, mas o grupo de mulheres que teve o processo remetido ao Rio conseguiu prosseguir com a ação penal. A denúncia considera as manifestações públicas feitas por ele após ter sido acusado de assédio sexual por Dani Calabresa e outras colegas de trabalho em 2020 — caso que foi arquivado.
A defesa de Melhem afirma que os fatos já haviam sido analisados e arquivados anteriormente, e diz estar confiante na absolvição do humorista. “Sobre o processo que tramita em segredo de Justiça no Rio de Janeiro, os fatos tratados nesta ação são os mesmos que já foram analisados e arquivados por outro juízo, após ampla apuração que incluiu perícia técnica realizada por quatro peritas criminais. O arquivamento foi corroborado pelo órgão superior do Ministério Público, por quatro promotoras de Justiça, todas mulheres”, diz a defesa de Melhem.
“A perícia técnica não apenas afastou a ocorrência de violência psicológica como também apontou indícios de combinação de discurso e comportamento das supostas vítimas. O próprio promotor de Justiça em exercício no juízo criminal se manifestou pela rejeição da denúncia, por entender que não há elementos que sustentem as acusações. O juízo, embora ainda não tenha analisado o mérito, decidiu dar seguimento ao processo, para ouvir o acusado, antes de prosseguir com a ação penal. Estamos absolutamente confiantes de que, assim como ocorreu no outro procedimento, idêntico a este, ficará mais uma vez comprovada a inocência de Marcius. A defesa seguirá colaborando com a Justiça para que a verdade prevaleça”, acrescentam os advogados.
Já Ricardo Feltrin, em nota, classificou a acusação de violência psicológica como tentativa de censura e afirmou que as mulheres “combinam suas versões”. Segundo ele, a decisão da juíza de levar o caso adiante não o surpreende “nos tempos atuais”.
A decisão judicial de torná-los réus não representa condenação, mas a abertura de um processo criminal. Os acusados têm até dez dias para apresentar defesa por escrito. Em outro processo anterior, arquivado também no Rio, a promotora Fabíola Lovis entendeu que os mais de 130 vídeos publicados por Melhem em suas redes sociais tinham caráter de autodefesa. Ela ainda apontou contradições nos relatos das vítimas, com base em laudo técnico do Ministério Público. A Justiça confirmou o arquivamento, sem possibilidade de recurso.
FONTE: JOVEM PAN