Maio verde: glaucoma lidera as causas de cegueira irreversível

Apesar de não existir uma cura, o glaucoma pode ser controlado, especialistas chamam atenção para a prevenção da doença

Glaucoma não tem cura, mas pode ser tratado. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil -

Por Amanda Amaral

Nesta segunda-feira (26), é considerada pela Lei nº 10.456 como o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, que integra também a campanha Maio Verde, que objetiva chamar a atenção para a importância do acompanhamento oftalmológico adequado visando à prevenção. Dados da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) revelam que 41% dos brasileiros não sabem do que se trata a doença.

A oftalmologista Liliana Nóbrega destaca que o glaucoma é traiçoeiro. “Muitas pessoas só recebem o diagnóstico quando já houve danos irreversíveis à visão”, afirma. A oftalmologista e especialista em glaucoma, Karla Campana, do Hospital de Olhos Capixaba (HOC), conta que a prevalência do glaucoma no Brasil é de 2 a 3% da população acima de 40 anos, e essa incidência aumenta com o avanço da idade chegando a 6% aos 70 anos. Liliana Nóbrega frisa ainda a dificuldade de diagnóstico e dados precisos no país.

“Estima-se que existem muitos casos não diagnosticados, principalmente por se tratar de uma doença assintomática na maioria dos casos, só levando o paciente a procurar o médico em estágios avançados com comprometimento irreversível da visão”, alerta.

O glaucoma é uma condição crônica e progressiva que provoca lesões no nervo óptico, muitas vezes sem sintomas nas fases iniciais. O principal fator desencadeante é o aumento da pressão intraocular, que compromete, aos poucos, as fibras nervosas responsáveis pela visão. “É por isso que o chamamos de ‘ladrão silencioso’. Ele avança sem ser notado, e quando o paciente enfim percebe, já pode ser tarde demais”, explica Karla.

Fatores de risco e sinais de alerta

Embora silencioso, o glaucoma pode ser identificado a tempo por meio de exames oftalmológicos periódicos. Conforme destaca Liliana Nóbrega, alguns fatores aumentam o risco de desenvolvimento da doença, como idade acima de 40 anos, histórico familiar, miopia acentuada, diabetes e hipertensão arterial. Sintomas como redução da visão periférica, embaçamento, dor ocular e halos luminosos ao redor das luzes podem indicar o agravamento do quadro. “Ao perceber qualquer um desses sinais, busque orientação médica especializada imediatamente. E mesmo na ausência de sintomas, consultas regulares com o oftalmologista a partir dos 40 anos são fundamentais”, orienta a profissional.

Prevenção e diagnóstico

O diagnóstico é feito por meio de exames, como medição da pressão intraocular, fundo de olho e avaliação de campo visual. Apesar de não existir uma cura, o glaucoma pode ser controlado. “O tratamento envolve o uso contínuo de colírios, procedimentos a laser e, em alguns casos, intervenção cirúrgica. Detectar precocemente é o que permite preservar a visão”, enfatiza Liliana. Em relação às cirurgias, Karla Campana, especialista do HOC, destaca que elas evoluíram muito: “Nos últimos anos e hoje temos técnicas minimamente invasivas para o controle da doença.”

FONTE: ES BRASIL