
A irmã de Diego Cajueiro foi às ruas na noite desta quarta-feira (5), junto com outros moradores, para protestar pela morte dele. Jéssica Cajueiro cobra uma resposta das autoridades quanto ao excesso de violência empregada na abordagem ao irmão.
A vítima, de apenas 25 anos, morreu devido a complicações de golpes sofridos na cabeça durante uma abordagem de militares após um evento de carnaval em Barra do Jucu, na noite da última segunda-feira (3).
De um lado, a Polícia Militar (PMES) alega que Diego reagiu à abordagem policial, chegando a xingar os militares, agredi-los e tentar roubar a arma de um deles. De outro, a família alega que houve excesso de violência na abordagem e que os militares xingaram primeiro Diego e o cunhado.
Na noite desta quarta-feira (5), familiares e amigos se reuniram em frente ao Perim da Riviera da Barra, bloqueando o trânsito na Rodovia do Sol.
O que diz a polícia?
Conforme nota da PMES, Diego teria proferido “palavras de baixo calão contra um dos policiais que estava embarcado na viatura” e “devido ao crime de desacato, imediatamente, os militares desembarcaram da viatura e caminharam na direção do suspeito, que estava junto ao grupo, visivelmente alterado”.
De acordo com a PMES, ao dar voz de prisão, Diego e mais três homens foram até a viatura, chutaram deram e socos em dois dos militares. “O suspeito de 25 anos se deslocou na direção de outro militar e também desferiu chutes e socos contra o PM, que fez uso da força e do bastão para repelir a agressão. Um dos socos fez o policial cair no chão e o indivíduo, aproveitando-se da situação, tentou pegar e sacar a arma do PM, que estava no coldre. O militar conseguiu impedir a ação e o indivíduo fugiu correndo em direção a outros populares que estavam no local”.
Captura e agressão
Ainda segundo nota, o outro policial, que tinha acabado de se desvencilhar, conseguiu alcançar Diego, que havia caído após ter tropeçado em uma bicicleta, cerca de 20 metros após o local da fuga.
“Eles entraram em luta corporal e o policial foi agredido no rosto, gerando uma lesão próxima aos olhos. O indivíduo também tentou se apropriar e sacar a arma deste militar, porém sem sucesso, visto que o armamento estava coldreado”.
Neste momento, o outro policial, vendo a situação, se aproximou e utilizou o bastão para impedir as agressões contra o colega de serviço. Em seguida, Diego foi imobilizado pelos dois militares. Confira trecho da nota:
“Simultaneamente às agressões sofridas pelos policiais, foi gerado um tumulto sendo necessário o uso de gás lacrimogêneo e efetuar disparos de bala de borracha para dispersar as pessoas que se aglomeravam em volta dos militares e das viaturas. Foi solicitado apoio de outras equipes, visto que o detido apresentava resistência. Foi observado que ele apresentava escoriações pelo corpo e sinais de ter consumo álcool ou outras substâncias.
O homem foi levado para o hospital e, durante o trajeto, pediu desculpas aos militares pela situação. Devido às escoriações, o detido foi levado para atendimento no HEUE sob escolta, contudo ele evoluiu a óbito após dar entrada na unidade hospitalar”.
A ocorrência foi entregue na Delegacia Regional de Vila Velha. Em nota, a Polícia Civil (PCES) informa que o corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Científica, para ser identificado e para ser feito o exame cadavérico. “Apenas após os exames será possível confirmar a causa da morte e as circunstâncias do fato serão investigadas”.
Versão da família
Mas outra irmã diz que Diego morreu por um traumatismo na cabeça. É essa a causa que está na certidão de óbito. Também diz que reconheceu o corpo e ele não tinha escoriações no corpo.
Ela diz que esteve no hospital e no IML, onde questionou o legista do por quê de uma abertura tão grande na cabeça do irmão. “Ele falou que, com a pancada, rompeu todas as artérias do membro encefálico. E que o meu irmão não tinha ferimento no corpo, só na cabeça”.
A irmã suspeita que a fissura na cabeça foi aberta por cacete ou coronhada. Ainda segundo ela, no hospital chegaram a dar ponto na cabeça de Diego, para poder fazer os exames de imagens, mas não deu tempo. “Sentaram ele na cadeira para esperar e, em coisa de cinco minutos, ele teve uma parada respiratória”.
FONTE: Jady Oliveira – ESHOJE