Indústria Criativa cresce no ES, mas ainda tem baixa participação na economia

Estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro revela que, embora o setor responda por 1,5% do PIB capixaba em 2023, o Espírito Santo destaca-se pelo dinamismo no emprego criativo, com alta de 11,2%

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O Espírito Santo registrou um crescimento expressivo de (7,5%) no número de empresas criativas em relação a 2022, superando a média nacional (5,5%). Esse avanço também se refletiu no mercado de trabalho: o número de profissionais empregados na Indústria Criativa saltou para 18 mil em 2023, uma alta de 11,2%, quase o dobro do crescimento observado no total do mercado formal capixaba (6%).
 

A análise faz parte do Mapeamento da Indústria Criativa 2025, publicação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). O ano de 2023 é a base mais atual fornecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
 

No estado há amplo espaço para o fortalecimento e diversificação da economia criativa local. Segundo o estudo, apenas 2% dos estabelecimentos empregadores do estado pertencem ao segmento criativo, abaixo da média nacional de 2,3%. Isso significa que menos de 2 mil empresas criativas atuam no Espírito Santo — um percentual tímido diante da relevância econômica do setor no restante do país.
 

Em valores absolutos, o Produto Interno Bruto (PIB) criativo do Espírito Santo ainda contribui pouco para o nacional. Somou R$ 3 bilhões em 2023, correspondendo a apenas 0,8% do PIB criativo brasileiro. A participação da Industria Criativa no PIB capixaba também é pequena, somando apenas 1,5% do total no mesmo ano, valor significativamente inferior à média nacional de 3,6%.


Apesar de ocupar posição modesta em termos absolutos, o estado capixaba vem trilhando uma trajetória ascendente no emprego e na especialização produtiva do setor. O Espírito Santo registrou um crescimento expressivo de (7,5%) no número de empresas criativas em relação a 2022, superando a média nacional (5,5%). Esse avanço também se refletiu no mercado de trabalho: o número de profissionais empregados na Indústria Criativa saltou para 18 mil em 2023, uma alta de 11,2%, quase o dobro do crescimento observado no total do mercado formal capixaba (6%).

Os motores do crescimento: Consumo e Tecnologia

O Mapeamento da Indústria Criativa 2025 reúne a análise dos 13 segmentos da Indústria Criativa separados em quatro grandes áreas: Consumo (Design, Arquitetura, Moda e Publicidade & Marketing), Mídia (Editorial e Audiovisual), Cultura (Patrimônio & Artes, Música, Artes Cênicas e Expressões Culturais) e Tecnologia (P&D, Biotecnologia e TIC).
 

A análise do estado do Espírito Santo mostra que as áreas de Consumo e Tecnologia dominam o mercado de trabalho criativo capixaba, respondendo por 46,5% e 39,5% dos empregos, respectivamente. No setor de Consumo, o segmento de Publicidade & Marketing cresceu 10,7% e é o maior empregador, seguido Arquitetura, Design e Moda todos com crescimento acima de 9% em 2023.
 

Na área de Tecnologia, o crescimento foi ainda mais robusto: 14,4%, com destaque para Tecnologia da Informação & Comunicação (TIC), que cresceu 15,4%, Pesquisa & Desenvolvimento (P&D, +11,8%) e Biotecnologia, com impressionante alta de 26,8%.
 

Outras áreas, como Cultura, cresceram 10,4%, enquanto Mídia registrou uma leve queda de 1,1% nos empregos, refletindo uma possível reestruturação setorial.
 

Profissões que impulsionam o setor

As ocupações mais empregadoras na economia criativa capixaba espelham tendências nacionais, com destaque para engenheiros ligados a P&D, engenheiros civis, arquitetos, analistas de negócios e programadores/desenvolvedores, que juntos respondem por 8 mil dos 18 mil empregos no setor.
 

Além de concentrarem o maior número de vínculos empregatícios, essas profissões lideraram o crescimento do emprego criativo entre 2022 e 2023, reafirmando sua centralidade para o desenvolvimento da Indústria Criativa no estado.
 

Dinâmica regional: Vitória e o interior em contraste

Diferentemente dos grandes polos do Sudeste, onde a economia criativa se concentra fortemente nas capitais, no estado do Espírito Santo há uma distribuição mais equilibrada. Vitória concentra cerca de 46% dos empregos criativos, enquanto os demais postos de trabalho 54% estão espalhados pelo interior.
 

Ainda assim, Vitória apresenta um grau de especialização criativa superior ao do estado como um todo, com 3,4% dos empregos locais vinculados ao setor. Já o interior do estado possui apenas 1,1% de seus empregos na economia criativa, próximo a estados como Maranhão e Tocantins.
 

Além da capital, Serra, Vila Velha, Cariacica, Linhares e Cachoeiro de Itapemirim são as cidades que mais empregam trabalhadores criativos. Esses municípios possuem um grande parque industrial, que destaca a transversalidade da Indústria Criativa com geração de benefícios e valor por meio de seus profissionais.
 

Potencial para crescimento

O Espírito Santo ainda pode não ter conquistado o seu protagonismo na Indústria Criativa brasileira, mas o crescimento acelerado do emprego e a diversificação dos segmentos produtivos indicam um potencial significativo. “O desafio passa por ampliar a base de empresas e qualificar o mercado de trabalho para garantir a consolidação do setor como vetor de desenvolvimento sustentável e inovação para a economia capixaba”, explica Julia Zardo, gerente de Ambientes de Inovação da Firjan e coordenadora do estudo.
 

Para a especialista, o recente desempenho da Indústria Criativa pode ser um importante motor de modernização econômica para o Espírito Santo, contribuindo para a atração de investimentos e para a geração de empregos de alta qualidade, especialmente nas áreas de tecnologia e desenvolvimento.
 

De forma geral, a Indústria Criativa impulsiona a economia brasileira como um todo, sendo transversal para outras indústrias e cadeias. Ela já representa 3,59% do PIB brasileiro, o equivalente a R$ 393,3 bilhões, destaca o levantamento. O crescimento dos empregos formais no setor já supera a marca de 1,26 milhão de profissionais no Brasil.
 

“A mudança estrutural vista na economia brasileira, resulta do fortalecimento contínuo do mercado criativo, monitorado desde 2008 pelo Mapeamento. Nesse mercado, inovação, propriedade intelectual e valor da criatividade são pilares da expansão. A pandemia acelerou a digitalização e a adoção de novas tecnologias, impulsionando ainda mais o setor”, destaca Zardo.
 

Além dos dados publicados no estudo, informações poderão ser combinadas e customizadas no Painel de Dados disponibilizado no site do Observatório da Indústria (observatorio.firjan.com.br/industriacriativa), permitindo analisar a Indústria Criativa do país sob diversos ângulos, como a cadeia produtiva, os profissionais criativos e os segmentos variados dessa indústria heterogênea. Além disso, é possível obter uma visão detalhada das 27 Unidades Federativas e dos mais de cinco mil municípios brasileiros, contemplando suas realidades distintas.