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Na última terça-feira (25), a Câmara Municipal de Iconha aprovou, por seis votos a dois, um projeto que concede aos vereadores um auxílio-alimentação de R$ 450 e um tíquete-feira de R$ 50, totalizando R$ 500 mensais, além do salário de R$ 6.642,38. A aprovação gerou reações entre a população, que ainda vive as consequências da maior tragédia de sua história, a enchente de janeiro de 2020, que deixou casas destruídas, famílias desabrigadas e perdas humanas.
A decisão de aprovar esses benefícios extras para os vereadores da cidade, que já possuem um salário considerável e se reúnem apenas duas vezes por mês, foi acompanhada de perto por moradores e internautas, que não pouparam críticas nas redes sociais. Em um momento de recuperação da cidade, a aprovação do auxílio foi vista como um luxo para os vereadores e uma afronta à realidade dos cidadãos que ainda enfrentam dificuldades.
Em um dos comentários em nossa publicação no Instagram, o usuário ruycoelho028 afirmou: “Isso é uma vergonha para a cidade de Iconha”. Já rol270679 destacou: “Isso é uma vergonha com dinheiro público, errado quem votou neles”.
A relação entre benefícios e ética pública
Outro ponto que gerou desconforto foi a situação do presidente da Câmara, Moisés Marchiori (Republicanos), que além de ser vereador, acumula o cargo de agente de endemias na prefeitura de Iconha. Ele recebe um salário de R$ 4 mil mensais como agente e, após a aprovação do projeto, passaria a acumular benefícios em dobro: tanto como vereador quanto como agente de endemias. Informações extraoficiais indicam que ele, além de outros agentes, teriam solicitado a continuidade do horário reduzido para agentes de endemias, de forma a conciliar suas duas funções. No entanto, segundo o secretário de Saúde de Iconha, Rocleison Costa, o horário reduzido é adotado apenas nos meses de calor, e, a partir de março, o horário retornará ao normal.
Essa situação levanta a questão sobre um possível conflito de interesse. Embora ser eleito vereador e passar no concurso para agente de endemias sejam processos distintos, a concessão de benefícios que favorecem diretamente a pessoa que vota neles é, no mínimo, questionável. Como amandapcr comentou: “Agente de endemias: passou na prova. Vereador: foi eleito. Uma coisa não tem a ver com a outra.” No entanto, a realidade é que o vereador também é um agente de mudança e, ao apoiar algo que pode beneficiá-lo diretamente, abre espaço para discussões sobre ética pública e responsabilidade no uso de recursos públicos.
As reações e os argumentos a favor
Não foram apenas críticas que surgiram. A internauta anna_lourencini defendeu a medida dizendo que o auxílio de R$ 450 é “merecido e correto”, apontando que muitos outros estados do Brasil concedem auxílios maiores aos vereadores.
A cidade de Iconha, com uma população que ainda sofre as consequências das tragédias do passado, vive um momento de reconstrução e luta. Muitos moradores ainda têm suas casas danificadas e a economia do município, além de estar prejudicada pelas enchentes de 2020, enfrenta novos desafios.
A aprovação dos benefícios, em meio a essa realidade, levanta um ponto importante: quem decide a prioridade de um município? A sociedade e suas reais necessidades estão sendo levadas em conta quando decisões como essa são tomadas?
Segue lista dos votantes:
Seis vereadores votaram a favor do projeto:
Dercelino Mongin (PP), Marcelo Zucatelli (MDB), Professora Carmelita Lapa (PP), João Morello (Podemos), Fábio Dalbom (PSB) e Denivan Coutinho (Republicanos).
Já os vereadores Alessandro Gomes de Melo (União Brasil) e Alessandra Paganini Lourencini (União) votaram contra.
O presidente da Câmara, Moisés Marchiori (Republicanos), embora não tenha votado devido ao Regimento Interno, foi um dos apoiadores e autores do projeto.
FONTE: ESPÍRITO SANTO NOTÍCIAS