Homem que abandonou namorada para morrer em montanha pode ser preso por até 3 anos

Ministério Público de Innsbruck, na Áustria, acusa Thomas Plamberger de homicídio culposo por deixar Kerstin Gurtner desprotegida a 3.700 metros de altitude

- Kerstin Gurtner foi deixada em montanha pelo namorado, Thomas Plamberger Foto: Reprodução | Redes sociais

O homem de 39 anos que supostamente abandonou a namorada, de 33, durante uma escalada ao Grossglockner, ponto mais alto da Áustria, foi acusado de homicídio culposo pelo Ministério Público de Innsbruck. Kerstin Gurtner foi encontrada morta a menos de 50 metros do cume da montanha, onde foi abandonada “desprotegida, exausta e desorientada” e morreu congelada.

Segundo a promotoria, citada pelo jornal austríaco Heute, Gurtner e o namorado, Thomas Plamberger, ficaram ilhados a partir das 20h50 de19 de janeiro deste ano, durante uma escalada noturna. Apesar disso, mesmo quando um helicóptero da polícia sobrevoou a área às 22h50, Plamberger não fez qualquer chamada de emergência.

“Por volta das 2h00 da madrugada, o acusado deixou sua namorada desprotegida, exausta, hipotérmica e desorientada a aproximadamente 50 metros abaixo da cruz do cume do Grossglockner. A mulher morreu congelada. Como o acusado, diferentemente de sua namorada, já era muito experiente em excursões alpinas de alta altitude e havia planejado o passeio, ele deveria ser considerado o guia responsável pela excursão”, afirmou o comunicado da promotoria.

A expedição enfrentou temperaturas de aproximadamente -20°C, com Gurtner sendo levada a uma altitude superior a 3.700 metros, apesar de sua inexperiência em escaladas de alta montanha. Imagens de webcam capturaram o acampamento do casal próximo ao cume.

Os promotores afirmam que Plamberger contatou a polícia alpina apenas à 1h35 da madrugada e colocou seu telefone no modo silencioso. Ele teria abandonado Gurtner na montanha gelada sem a cobrir com os cobertores de emergência disponíveis.

Uma câmera de trilha registrou Plamberger descendo a montanha às 2h30, enquanto Gurtner permanecia próxima ao cume. Às 3h30, ele voltou a entrar em contato com os serviços de emergência, segundo os promotores.

Kurt Jelinek, advogado que representa Plamberger, mantém a inocência de seu cliente e insiste que a morte de Gurtner foi um “trágico acidente fatal”, conforme publicado pelo Daily Mail. O acusado foi indiciado na quinta-feira (4/12) e seu julgamento está previsto para fevereiro de 2026.

Se condenado, Plamberger poderá enfrentar pena de até três anos de prisão. Em uma página memorial dedicada a Gurtner, que se descrevia em suas redes sociais como uma “criança do inverno” e uma “pessoa das montanhas”, surgiram diversas homenagens.

O Grossglockner, com 3.798 metros, é considerado uma escalada desafiadora mesmo para montanhistas experientes, especialmente nas severas condições de inverno.

FONTE: O TEMPO