Fumaça de queima de maconha intoxica moradores no sudeste da Turquia

Segundo relatos à imprensa turca, os moradores não conseguiam nem mesmo abrir as janelas por conta do forte odor.

Uma queima de cerca de 20 toneladas de maconha no município de Lice, no sudeste da Turquia, causou reações adversas em parte da população local. A destruição da droga, realizada por autoridades no último dia 18 de abril, gerou uma nuvem densa de fumaça que se espalhou por áreas residenciais, provocando náuseas, tonturas e até alucinações em moradores.

Com cerca de 25 mil habitantes, a cidade enfrentou um aumento significativo na procura por atendimento médico nos dias seguintes à queima. Segundo relatos à imprensa turca, os moradores não conseguiam nem mesmo abrir as janelas por conta do forte odor. Muitos relataram mal-estar persistente, especialmente em crianças.

“Esse cheiro está na cidade há dias. Nossos filhos ficaram doentes. Todo ano é a mesma coisa. Já pedimos para que as autoridades façam essas incinerações fora da área urbana”, disse um morador ao jornal Amida News.

Além dos impactos na saúde da população, a ação também gerou críticas pela forma como foi conduzida. Antes da incineração, os fardos da droga foram organizados no chão formando o nome da cidade, o que foi visto por alguns moradores como uma atitude desrespeitosa.

Yahya Oger, presidente de uma organização local de combate às drogas, criticou a escolha do local da queima e defendeu métodos mais adequados. “Existem alternativas mais seguras, como a destruição em locais isolados ou em instalações com sistemas de filtragem”, afirmou.

As drogas queimadas foram apreendidas em operações entre 2023 e 2024 na província de Diyarbakir e estavam avaliadas em aproximadamente 10 bilhões de liras turcas — cerca de R$ 1,5 bilhão. Segundo o governo, as ações levaram à abertura de quase 2 mil processos judiciais.