
Preparar o feijão em menos tempo do que o habitual poderá ser possível em breve. O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) lançou a cultivar de feijão-preto IPR Tapicuru. Segundo os pesquisadores, os grãos cozinham em apenas 21 minutos e resultam em caldo espesso, de cor achocolatada, com sabor marcante, textura macia e sem perda de casca.
A expectativa é de que as sementes da nova cultivar estejam disponíveis para os agricultores a partir de 2026. Além das vantagens no preparo, o IDR destaca que a variedade apresenta alto valor nutricional, com teor elevado de proteína, ferro e fibras.
Na lavoura, o IPR Tapicuru possui alto potencial produtivo – superior a 4,5 toneladas por hectare – e oferece estabilidade em diferentes condições de cultivo, conforme explica a pesquisadora Vania Moda Cirino, diretora de pesquisas do IDR-Paraná e especialista em melhoramento genético vegetal.
Com ciclo intermediário, a cultivar chega à colheita cerca de 87 dias após a emergência. Apresenta resistência às principais doenças da cultura do feijão, como ferrugem, oídio e mosaico comum, e ainda tolerância ao ácaro branco, praga que pode comprometer a produção.
Entre os atributos que favorecem a adoção pelo produtor estão o porte ereto e a altura da primeira vagem (25 cm), que facilitam a colheita mecanizada. A nova variedade também demonstrou bom desempenho em cultivos orgânicos, ampliando sua versatilidade.
Pesquisa
Com a IPR Tapicuru, o IDR-Paraná conta atualmente com 11 cultivares de feijão ativas disponíveis ao mercado, adotadas por agricultores de todas as regiões produtoras do país.
O Paraná é o maior produtor nacional do grão, alimento central na dieta brasileira. A estimativa para 2025, segundo dados do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral-PR), é de 520,8 mil hectares cultivados nas duas safras, com produção prevista de 983,5 mil toneladas.
A pesquisa com feijão teve início na década de 1970, no antigo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), hoje integrado ao IDR-Paraná. Desde então, de acordo com o órgão, já foram lançadas 42 cultivares, com foco em produtividade, resistência a pragas e doenças, adaptação ao clima e qualidade nutricional.
O lançamento da IPR Tapicuru aconteceu no dia 26 de março, no Polo de Pesquisa e Inovação do IDR em Ponta Grossa. Para o diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, a nova cultivar reafirma o compromisso da pesquisa pública com o fortalecimento da agricultura. “É um resultado expressivo, especialmente em uma cultura essencial para os pequenos produtores e para a economia do Paraná”, avaliou.
FONTE: GLOBO RURAL