Exercício, sono e vida social entram na agenda corporativa em meio a recorde de burnout

Estudo mostra que nove em cada dez trabalhadores tiveram sintomas de esgotamento no último ano; jovens relatam níveis mais altos de estresse

- Níveis recordes de estresse levam trabalhadores a priorizar exercício, sono e vida pessoal. Foto: freepik.com Foto: Freepik/Reprodução

Por Negócio e Franquia

Práticas ligadas à saúde física, ao descanso e à convivência fora do trabalho passaram a ocupar espaço central na rotina profissional. Segundo o estudo Panorama do Bem-Estar Corporativo 2026, da Wellhub, 59% dos trabalhadores afirmam priorizar a prática de exercícios físicos, enquanto 56% dizem dormir mais cedo e 47% relatam dedicar mais tempo à família e aos amigos. O movimento ocorre em um cenário marcado por níveis elevados de estresse e esgotamento no ambiente corporativo, sobretudo entre os mais jovens. 

De acordo com o levantamento, nove em cada dez colaboradores apresentaram sintomas de burnout no último ano. Entre integrantes da Geração Z e dos Millennials, 55% relatam aumento de estresse ano após ano, percentual superior ao observado na Geração X, com 47%, e entre os Baby Boomers, com 38%. Para Patricia Ansarah, CEO do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP), os dados refletem a dificuldade de estabelecer limites claros entre vida pessoal e trabalho. 

“Limites saudáveis não são barreiras, mas fundamentos. Eles fortalecem a confiança, preservam a saúde e permitem que as pessoas atuem com excelência sem se desgastar”, afirma. 

Burnout recorde

Na avaliação da executiva, a valorização de hábitos ligados ao bem-estar não pode ser vista apenas como uma iniciativa individual. Segundo ela, trata-se de uma resposta direta a ambientes profissionais que passaram a demandar disponibilidade constante. “Por isso, a importância de definir prioridades com propósito, escolhendo o que é essencial e organizando o tempo e a energia em torno disso. Um ponto é estabelecer hora para começar e terminar o trabalho, e cumpri-las”, diz. 
A discussão também envolve mudanças na forma como as relações são conduzidas dentro das empresas. Patricia destaca que falhas de comunicação e a concentração excessiva de responsabilidades tendem a ampliar a sensação de sobrecarga, enquanto a divisão de tarefas contribui para ambientes mais sustentáveis. 

Limites na rotina 

Segundo a CEO do IISP, o corpo costuma indicar quando os limites são ultrapassados, muitas vezes por meio de queda de foco, irritabilidade ou fadiga. Para ela, esse quadro reforça a necessidade de revisões frequentes da rotina e da criação de espaços de desconexão. “Nesse sentido, é fundamental criar espaços de desconexão para que a produtividade seja evidenciada. É preciso destacar também que as prioridades mudam, por isso é necessária uma revisão constante de como anda o dia a dia”, afirma. 

Patricia ressalta ainda que o avanço desse debate no ambiente corporativo passa pelo reconhecimento das diferenças individuais. Segundo ela, cada profissional possui seu próprio ritmo, o que não abre espaço para comparações, mas exige das organizações maior atenção à forma como estruturam expectativas, demandas e jornadas. 

FONTE: O TEMPO