
O radialista Max Pitangui revelou detalhes de sua prisão e a de mais cinco pessoas no Espírito Santo, em dezembro de 2022, a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o relato, a prisão teria sido motivada por denúncias de corrupção feitas contra o governo local e a Procuradora-Chefe de Justiça do Ministério Público do Espírito Santo, Luciana Gomes Ferreira de Andrade, sem qualquer relação com os atos de 8 de janeiro.
Max Pitangui, que não esteve em Brasília na data, foi incluído no inquérito das fake news e no inquérito do 8 de janeiro. Ele, o Capitão Assunção (deputado estadual), o Pastor Fabiano (vereador), o vereador Armandinho, o jornalista Jackson Rangel e o ex-deputado Carlos Von foram surpreendidos com mandados de prisão emitidos pelo STF.
Denúncias de Corrupção como Gatilho para Prisão
O radialista afirma que as prisões ocorreram após ele e outros começarem a denunciar irregularidades e corrupção no governo de esquerda do Espírito Santo. “Nós começamos a questionar estas questões e muitas delas foi levado para o estado do Espírito Santo, teve muita notoriedade, que é o caso do pen drive envolvendo corrupção“, relata Max.
Ele acusa a Procuradora-Chefe de Justiça do Ministério Público do Estado, Luciana Gomes Ferreira de Andrade, de ter acionado o ministro Alexandre de Moraes após ser denunciada. “Do nada ela foi e acionou o ministro Alexandre de Moraes e pediu a nossa prisão”, declarou. O Coronel Meira, presidente da subcomissão onde ocorreu o depoimento, comprometeu-se a encaminhar a transcrição ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para que sejam tomadas as providências cabíveis em relação à promotora.
Inocência Comprovada, Mas Restrições Mantidas
Max Pitangui enfatizou que a própria Polícia Federal, após investigação minuciosa de sete anos de antecedentes, concluiu que não havia nenhuma ligação dos presos com atos antidemocráticos ou qualquer crime. “Nós fomos todos absolvidos pelo trabalho da Polícia Federal. Deixou claro que nós não cometemos crime algum”, afirmou.
Apesar da conclusão de inocência e da soltura, Max e os outros continuam a enfrentar medidas restritivas severas. O jornalista usa tornozeleira eletrônica e está sob diversas restrições, como não poder sair da comarca, cumprir horários e não ter liberdade para sair nos finais de semana ou feriados. Suas redes sociais também ficaram totalmente bloqueadas por meses.
O Calvário no Cárcere e o Clamão por Anistia
O jornalista, que fugiu para o Paraguai e buscou asilo político, foi preso pela Interpol e levado para a Papuda, onde permaneceu por 95 dias. Ele descreve a experiência como de constante humilhação, mencionando ter sido levado vendado e com um saco preto na cabeça na frente de sua família.
Max também detalhou as condições desumanas na prisão, relatando ter encontrado um rato na marmita em sua refeição. A advogada Dra. Daniele Teles, presente na audiência, confirmou o episódio, dizendo que a carta de Max a fez vomitar e que a comida era “podre”. Ela também citou a perda de peso dos detentos, Max perdeu 15 kg e o impacto emocional da morte do detento Clezão na Papuda, em novembro de 2023.
Tanto Max quanto a Dra. Daniele e o jurista Caivani, que também participou do encontro, defenderam a aprovação de uma Anistia como a única forma de sanar os abusos e devolver a dignidade aos presos políticos. O jurista sugeriu que o marco inicial dessa anistia fosse 14 de março de 2019, data de instauração do inquérito 4781 (fake news).
“Eu fui calado, eu fui amordaçado, eu fui preso porque eu denunciei casos de corrupção e que foram provados”, concluiu Max, questionando até quando ele e os outros ficarão nessa situação, sem liberdade, mesmo após a Polícia Federal ter atestado a ausência de crime.