Estudante com deficiência é agredido em escola de Ibatiba e mãe denuncia omissão

Caso aconteceu enquanto a turma estava sem professor; aluno de 12 anos sofreu agressões físicas e apresenta traumas psicológicos

Um aluno de 12 anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental David Gomes, no Centro de Ibatiba, foi brutalmente agredido por colegas de turma na última terça-feira (15). A denúncia foi feita pela mãe da vítima, Jeorgiane dos Reis Andrade, em um vídeo divulgado nas redes sociais, onde ela relata o episódio e acusa a escola de omissão.

Segundo a mãe, o filho tem deficiência auditiva nos dois ouvidos e foi atacado durante um momento em que a sala estava sem a presença de um professor. “Meu filho me contou que um garoto o enforcou e deu dois tapas no rosto. Outro menino entrou na briga e começou a agredi-lo com socos na boca, nos braços e nas pernas”, disse Jeorgiane, emocionada.

Ela afirma que a motivação da agressão teria sido o fato de o menino “falar mais alto” por conta da deficiência auditiva, o que teria irritado os colegas.

Hematomas, dores e suspeita de fratura na coluna

A mãe levou o menino ao pronto-socorro de Ibatiba assim que soube da agressão. A equipe médica constatou hematomas pelo corpo e levantou suspeita de lesão na coluna vertebral. Diante da gravidade, o garoto foi transferido para o Hospital Infantil de Vitória, onde a suspeita de fratura foi descartada, mas os impactos físicos e emocionais seguem evidentes.

Ele continua com dores intensas, cortes na boca e sintomas de trauma psicológico. “Ele acorda gritando, sente medo de ficar sozinho e revive o momento das agressões”, relatou Jeorgiane.

Escola só se manifestou após vídeo circular

Outro ponto crítico apontado pela mãe é a ausência total de comunicação por parte da escola. De acordo com Jeorgiane, nenhum responsável da unidade a procurou para relatar o ocorrido. Ela só teve conhecimento da agressão ao buscar o filho na escola. A instituição só teria marcado uma reunião para tratar do caso no dia seguinte, por volta das 17h, após o vídeo de denúncia viralizar.

“Fiquei sabendo do que aconteceu apenas quando fui buscar meu filho. A escola não me ligou, não avisou, não prestou nenhuma informação. Só me chamaram depois da publicação”, desabafou.

Caso foi registrado na Polícia Militar

A mãe registrou boletim de ocorrência e, no relato à PM, afirmou que o próprio filho comunicou a direção da escola sobre as agressões, mas nenhuma medida imediata foi adotada. O Conselho Tutelar foi informado e orientou que o aluno fosse levado ao hospital, algo que, segundo a mãe, também não foi feito pela escola. Foi ela mesma quem tomou a iniciativa de buscar atendimento médico.

Prefeitura promete apuração

Em nota oficial, a Prefeitura de Ibatiba declarou que só teve conhecimento do caso após a repercussão nas redes sociais. Segundo o comunicado, as secretarias competentes iniciaram imediatamente a apuração dos fatos.

“A Prefeitura reafirma seu compromisso com a segurança e o bem-estar dos alunos da rede municipal e informa que, após a devida apuração, todas as medidas cabíveis serão tomadas, conforme determina a legislação vigente”, diz a nota.

Histórico de violência nas escolas de Ibatiba

O caso reacende o alerta sobre a segurança nas unidades escolares do município. Há apenas quatro meses, em dezembro de 2024, outro caso envolvendo violência dentro de uma escola pública de Ibatiba resultou na morte de um menino de 10 anos.

Luiz Fernando de Souza Verli sofreu agressões durante o recreio na Escola Municipal Eunice Pereira Silveira, no bairro Novo Horizonte. Segundo a família, o garoto era alvo constante de bullying por conta de um problema no olho. Após ser atacado por dois adolescentes de 13 anos, o menino apresentou fratura em uma vértebra e morreu após dar entrada no Hospital Infantil de Vitória.

A Câmara Municipal de Ibatiba chegou a emitir uma nota de repúdio e informou que a Comissão de Educação do Legislativo foi acionada para investigar o caso. A agressão, segundo testemunhas, teria durado todo o horário de intervalo sem que a escola tomasse providências. Luiz chegou a ser levado ao pronto-socorro três vezes antes que a fratura fosse diagnosticada, tarde demais.

FONTE: ESPÍRITO SANTO NOTÍCIAS