A nova força do mercado de trabalho brasileiro tem cabelos grisalhos. Dados parciais da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2024, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, revelam que os profissionais entre 40 e 59 anos foram os que mais conquistaram ou mantiveram postos de trabalho formais no setor privado durante o último ano.

Segundo o levantamento, a faixa dos 40 aos 49 anos acumulou saldo positivo de 491,4 mil vagas formais, enquanto a faixa dos 50 aos 59 anos registrou 418,6 mil novos postos. Somadas, representam 910 mil empregos — mais da metade do saldo total de 1,8 milhão de novas ocupações formais, um crescimento de 4% em relação a 2023.

Os dados reforçam uma tendência global conhecida como “empregabilidade cinza”, em que profissionais com mais de 40 anos passam a ocupar cada vez mais espaço no mercado, valorizados pela experiência, resiliência e capacidade de adaptação.

Para o vice-presidente do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo (CRA-ES), Adm. Erthelvio Monteiro Nunes Júnior, o resultado reflete uma mudança positiva na percepção das empresas sobre o valor da maturidade profissional.

“Estamos assistindo a um reposicionamento importante no mercado. As organizações estão entendendo que profissionais 40+ trazem equilíbrio emocional, visão sistêmica e comprometimento — atributos essenciais em tempos de transformação e alta rotatividade”, afirma Erthelvio.

Ele destaca ainda que a empregabilidade cinza deve ser encarada não apenas como uma tendência demográfica, mas como um ativo estratégico para as empresas. “A longevidade profissional precisa ser incorporada à gestão de pessoas. O desafio das organizações é equilibrar juventude e experiência, promovendo times diversos, inovadores e sustentáveis”, complementa.

A RAIS é uma base de dados do governo federal que acompanha os vínculos formais de emprego no Brasil, incluindo trabalhadores com carteira assinada, estatutários e temporários. O levantamento mede o saldo acumulado de vagas até o final de cada ano, permitindo uma análise precisa do comportamento do emprego formal no país.

Com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população economicamente ativa, o CRA-ES defende que a gestão de pessoas e a Administração estratégica precisam reconhecer o potencial da força de trabalho madura, que vem se consolidando como um dos pilares da produtividade e da inovação sustentável no Brasil.