
A economia capixaba apresentou um crescimento pelo segundo ano consecutivo, de acordo com o Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes), calculado pelo Observatório Findes. Em 2023, ela teve alta de 4,7% em relação ao ano anterior. Já em 2024 o crescimento foi de 2,3%. Os dados foram divulgados em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (11), na sede da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Finds), em Vitória.
Em meio a um contexto de aumento da taxa básica de juros do país (Taxa Selic), da alta dos preços ao consumidor, da desvalorização da moeda nacional em relação ao dólar, do mercado de trabalho aquecido e da melhoria da renda média do trabalhador, todos os setores econômicos do Estado cresceram ao longo do último ano: agropecuária (7,4%), serviços (2,5%) e indústria (0,4%).
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, apesar de 2024 ter começado com uma expectativa mais positiva, o ano foi desafiador. A Taxa Selic, por exemplo, começou o ano em queda, mas no meio do caminho, mudou sua trajetória e terminou em alta, chegando a 12,15%.
“Apesar da elevação dessa taxa impactar o investimento, o tornando mais caro para o empresário, o ES vem recebendo projetos significativos a curto e médio prazo. Como o recentemente divulgado pela Petrobras (R$ 35 bilhões para o Espírito Santo até 2029); a implantação de um laminador de tiras a frio e uma linha de revestimento contínuo pela ArcelorMittal (R$ 3,8 bilhões); e a repactuação do contrato da ECO-101 com a ANTT (R$ 7 bilhões)”, explicou.
Ainda de acordo com Baraona, atualmente, a Findes tem mapeado, na Bússola do Investimento, um montante superior a R$ 103 bilhões em investimentos produtivos confirmados até 2030. “Cerca de 92,7% desse valor tem como origem capital misto ou privado. Além disso, do total a ser aportado, R$ 78,5 bilhões, ou seja, 75,8%, são provenientes do setor industrial capixaba. Isso mostra o quanto a indústria está se mobilizando e buscando manter o seu crescimento sustentável no Estado”, comentou.

Setores capixabas
O setor industrial capixaba avançou 0,7% em 2024. O desempenho do setor deve-se a: energia e saneamento (11,7%), construção (2,1%) e indústria de transformação (1,1%). A única atividade que contraiu no ano foi a indústria extrativa (-2%).
O avanço de 11,7% da atividade de energia e saneamento em 2024 foi puxado pelo aumento do consumo de energia elétrica, em função das temperaturas mais elevadas. Já o avanço de 1,1% na indústria de transformação foi puxado pelas altas de 5,1% do setor de metalurgia e de 4,2% do setor de fabricação de coque e de produtos derivados do petróleo.
Entretanto, as produções de celulose e papel (5,8%), de produtos de minerais não-metálicos (-1%) e de produtos alimentícios registraram variações negativas (-0,9%) e recuaram. Cabe destacar ainda que o único segmento industrial que retraiu em 2024 foi a indústria extrativa (-2%). Apesar da atividade de pelotização do minério de ferro ter crescido 8,9% no ano, a alta não foi suficiente para minimizar totalmente o resultado da atividade de petróleo e gás natural (- 8,8%).
Em relação a agropecuária, o avanço expressivo de 7,4% foi motivado pelas expansões de 8,3% da agricultura e de 5,2% da pecuária em 2024. Vale lembrar que a agricultura foi positivamente influenciada pela maior produção de café (arábica e conilon), principal lavoura do setor no Espírito Santo. Já a pecuária foi impulsionada, principalmente, pela maior produção de suínos, bovinos e as atividades relacionadas à produção de aves e ovos.
Por fim, no setor do setor de serviços houve um crescimento de 2,5% em 2024. O resultado foi influenciado por todas as atividades que o compõem: transporte (9,8%), demais atividades de serviços (2%) e comércio (1,5%). De acordo com a gerente executiva do Observatório Findes e economista-chefe da Findes, Marília Silva, um destaque foi o fato de que o mercado de trabalho favorável, a elevação da massa salarial da economia e o aumento do transporte de cargas ajudaram a explicar o desempenho do setor de serviços no Estado.
“Temos visto nos últimos anos a aceleração do crescimento do Estado com relação ao uso do seu potencial logístico”, contou.
*Com informações do Observatório Findes
FONTE: Giulia Reis – ESHOJE