Direita, Esquerda e o vazio ideológico no Espírito Santo

Apesar da maioria do eleitorado capixaba demonstrar empatia pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, não há um movimento legítimo de Direita no Espírito Santo que se sustente no campo ideológico. O que existe é uma base de eleitores fragmentada, com posições políticas pouco compreendidas em profundidade. Muitos se identificam como “de Direita” sem conhecer as implicações históricas, filosóficas e sociais dessa escolha.

Após o regime militar, passando por Gerson Camata até Renato Casagrande, nenhum dos governadores do estado poderia ser colocado entre os idealistas inspirados pelos Girondinos, grupo moderado e conservador que se sentava à direita na Assembleia durante a Revolução Francesa. O legado ideológico que formou os eixos Esquerda/Direita passou ao largo da política capixaba, mais marcada por pragmatismo do que por convicções.

Hoje, o que se vê no Espírito Santo é uma fauna política confusa, onde mais de 34 partidos se fundem em federações com essências contraditórias, sem compromisso ideológico. E mesmo assim, nenhum líder com real formação ou base na Direita conservadora se apresentou. Muitos apenas aderiram ao rótulo da Direita por conveniência, embalados pela popularidade do bolsonarismo.

Na prática, o capixaba tem simpatia pelo estilo e pela retórica bolsonarista, mas isso não significa adesão a uma ideologia estruturada. O Espírito Santo se desenvolveu, e continua se desenvolvendo, com lideranças de centro, de centro-direita ou centro-esquerda, que priorizaram a gestão prática em vez de projetos ideológicos consistentes.

Com a crescente polarização política e o embate entre forças antagônicas, as eleições de 2026 tendem a repetir um cenário semelhante ao da Revolução Francesa: Girondinos contra Jacobinos. A diferença é que, como lá, o centro ( moderado, pragmático e pouco barulhento) segue sendo minoria.

Independentemente de onde cada eleitor se posicione no espectro político, o Brasil e o Espírito Santo precisam urgentemente de líderes com capacidade de governança, responsabilidade fiscal e, sobretudo, compromisso com as pessoas. Em meio a ideologias, o povo clama por soluções reais para saúde, segurança e educação: o tripé básico que desafia qualquer retórica, seja ela de Direita ou de Esquerda.