
Um novo tipo de diabetes foi reconhecido internacionalmente na última semana durante o Congresso Mundial de Diabetes, realizado em Bangkok, Tailândia. A Federação Internacional de Diabetes (IDF) oficializou o diabetes tipo 5.
A condição, anteriormente conhecida como “diabetes relacionado à desnutrição”, afeta principalmente adolescentes e jovens adultos magros e desnutridos em países de baixa e média renda.
O reconhecimento ocorreu após anos de pesquisa e articulação de especialistas que identificaram mecanismos distintos dos observados nos tipos 1 e 2 da doença.
Com novos estudos sobre a classificação, especialistas foram ao IDF e à Associação Americana de Diabetes em janeiro deste ano para apresentar evidências das diferenças entre as condições.
“O diabetes relacionado à desnutrição foi historicamente muito subdiagnosticado e pouco compreendido”, afirmou Meredith Hawkins, professora e diretora fundadora do Instituto Global de Diabetes do Albert Einstein College of Medicine.
Ela explica que o reconhecimento desse tipo pela IDF como diabetes tipo 5 é “um passo importante para aumentar a conscientização sobre um problema de saúde que é devastador para muitas pessoas”.
Durante o congresso, o presidente da entidade, Peter Schwarz, anunciou a criação de um grupo de trabalho, presidido pela professora, para desenvolver um diagnóstico formal e diferentes medidas terapêuticas para a doença nos próximos dois anos.
O que os especialistas dizem sobre a nova classificação
Estudos conduzidos nas últimas décadas mostram que os pacientes com esse tipo de diabetes apresentam um “defeito profundo na capacidade de secretar insulina, o que não era reconhecido anteriormente”.
Segundo Hawkins, essa descoberta “revolucionou a forma como pensamos sobre essa condição e a maneira como devemos tratá-la”.
A nova classificação também visa corrigir diagnósticos equivocados. De acordo com Hawkins, a dificuldade em diagnosticar corretamente o tipo 5 sempre foi um desafio.
Ela destaca que muitos pacientes eram jovens, magros e pareciam se encaixar no perfil do diabetes tipo 1, que normalmente responde bem ao uso de insulina. No entanto, o tratamento não funcionava como esperado e, em alguns casos, chegava a provocar hipoglicemias severas.
Por outro lado, esses mesmos pacientes também não apresentavam características típicas do diabetes tipo 2, geralmente associado à obesidade, o que tornava o quadro ainda mais confuso.
A pesquisadora estima que entre 20 a 25 milhões de pessoas em todo o mundo possam estar vivendo com diabetes tipo 5, especialmente em regiões da Ásia e da África.
Ela destaca que essa forma da doença é mais prevalente do que outras enfermidades graves, como a tuberculose, e quase tão comum quanto o HIV/AIDS. Hawkins ressalta que a falta de um nome oficial até agora dificultava tanto o diagnóstico quanto a busca por terapias eficazes.
Com o reconhecimento da nova classificação, ela acredita que será possível avançar no combate a uma doença historicamente negligenciada, que compromete gravemente a saúde e, muitas vezes, resulta em morte.
FONTE: VICTÓRIA ANHESINI – INFOMONEY