
Por muito tempo, a vida de seu José da Silva Soares e de sua esposa, Maria de Fátima Gonçalves da Silva, foi marcada pelo trabalho incessante, luta e incerteza. Moradores de Guaçuí, interior do Espírito Santo, eles viviam da agricultura, mas sempre trabalhando em terras de terceiros. “Era difícil. A gente trabalhava para os outros, e o que produzia não era nosso”, relembra José.
Mas em 2012, a realidade começou a mudar. A família conquistou um pedaço de terra própria, por meio do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), uma política pública do Governo Federal que possibilita a compra de propriedades rurais por agricultores familiares.
Da conquista ao desafio: a seca histórica
No entanto, apenas quatro anos depois, a maior seca em 80 anos atingiu o Espírito Santo, segundo dados da Agência Estadual de Recursos Hídricos. A lavoura de café, principal fonte de renda da família, foi totalmente perdida. “eu precisava aguar o café, estava muito seco, perdi tudo, tive que replantar”, conta seu José. “Meus vizinhos também sofreram. Foi um tempo muito difícil”.
Somaram-se as dificuldades da família, o adoecimento da esposa dona Maria de Fátima, exigindo cuidados especiais. Logo depois, a filha recém-nascida do casal foi diagnosticada com anemia profunda, o que exigiu tratamento e cirurgia em Vitória, a capital do estado. “Eu tocava a roça sozinho e ainda cuidava da minha mulher e da minha filha. Tudo foi se acumulando”, relembra emocionado.
Sem conseguir arcar com as parcelas da terra e o empréstimo do Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar), a família enfrentava o risco de perder tudo o que havia conquistado com tanto esforço. “eu não tinha como pagar mais, corria o risco de perder a terra que a gente sonhou e lutou tanto para conseguir”, desabafa.
Novas oportunidades com o Desenrola Rural
Uma nova porta se abriu: a chegada do Desenrola Rural, programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), lançado em fevereiro deste ano pelo presidente Lula , trouxe alívio para milhares de famílias do campo em situação de inadimplência. Através da iniciativa, seu José renegociou a dívida com condições acessíveis: um desconto de R$ 37 mil e parcelamento em até 145 vezes.
“Agora, com fé em Deus, vai melhorar”, diz, esperançoso. “Vou conseguir pagar, continuar plantando, pegar crédito do Pronaf e, até, construir nossa casa pelo programa minha casa, minha vida rural do governo federal”.
Hoje, além de cuidar da lavoura de café — que ainda precisa de investimentos —, seu José cultiva milho e feijão para o sustento da família, além de uma pequena criação de galinhas caipiras.
Apoio à Agricultura Familiar: o papel da superintendência do MDA no Espírito Santo
O acesso de seu José ao Desenrola Rural só foi possível graças à atuação próxima da Superintendência Federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) no Espírito Santo. Através de atendimento personalizado na sede da Associação de Crédito Fundiário de Guaçuí, no Córrego do Sossego, 11 famílias foram orientadas sobre o programa e puderam renegociar suas dívidas.
“Esse serviço só acontece porque o MDA está presente e em constante diálogo com as comunidades rurais”, destaca Girley Vieira, chefe de articulação da superintendência do MDA no estado. “A gente conhecia a realidade, e quando o Desenrola Rural foi lançado, já sabíamos onde e como atuar. Então, planejamos esta ação para informações, orientações e facilitação de acesso ao programa para essas famílias do PNCF atingidas pela crise climática que gerou muitas dificuldades financeiras “, afirma Girley.
O superintendente do MDA no Espírito Santo, Laércio Nochang, reforça que o atendimento é contínuo e multiplica oportunidades para as agricultoras e os agricultores capixabas. “Temos ações em campo, redes sociais e mutirões presenciais, tudo para garantir que as políticas públicas do governo federal para agricultura familiar cheguem de verdade a quem mais precisa”, afirma. Nesta semana, o MDA no Espírito Santo intensificou a atuação em municípios como Água Doce do Norte, Vila Pavão, São Mateus e Linhares.
FONTE: MDA-ES