Desemprego no Brasil é de 5,6%, mas ES ainda tem 6 mil vagas em supermercados

A dificuldade de encontrar mão de obra e manter os trabalhadores nos estabelecimentos comerciais no Espírito Santo

Basta uma busca rápida nas agências do Sine na Grande Vitória ou em outras cidades do A,  para perceber que não falta emprego para trabalhadores em funções nos supermercados. No entanto, o setor tem encontrado dificuldades para preencher as vagas devido à falta de mão de obra.

Embora não haja um número estimado de quantas vagas estão abertas no Espírito Santo atualmente, a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) confirma a dificuldade em preenchê-las.

“A contratação de mão de obra tem sido um dos principais desafios do setor supermercadista, um problema comum em todos os segmentos da economia. Para solucionar a questão, a entidade trabalha em parceria com a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) com o objetivo de garantir maior flexibilização dos contratos de trabalho e uma possível desoneração da folha de pagamento”, explicou o superintendente da Acaps, Hélio Schneider.

Segundo ele, a entidade tem investido e incentivado a capacitação dos profissionais dos supermercados. “Durante todo o ano, a associação promove uma série de treinamentos para melhorar a eficiência dos serviços e contribuir para o desenvolvimento do setor supermercadista capixaba”, destacou.

A dificuldade de encontrar mão de obra e manter os trabalhadores nos estabelecimentos comerciais no Espírito Santo também é um desafio para empresários de outros setores alimentícios, como bares, restaurantes e padarias.

De acordo com a Associação da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do Espírito Santo (Aipães), atualmente não há desemprego para quem busca trabalho no setor. As áreas de atendimento e serviço das padarias são as mais prejudicadas pela falta de mão de obra.

Alguns fatores para o baixo interesse dos trabalhadores nas vagas, segundo os empresários, são os benefícios sociais a que muitos trabalhadores têm direito, como o Bolsa Família. Muitos candidatos têm optado por trabalhos informais para manter o direito aos auxílios e ter tempo livre para fazer outros “bicos”.

Outro ponto destacado pelos empresários é que a nova geração tem optado por não trabalhar aos sábados, domingos e feriados para garantir uma melhor qualidade de vida. Para tentar atrair trabalhadores, o setor tem buscado oferecer cursos de qualificação, com a exigência de fazer o estágio nas padarias.

O problema também atinge os bares e restaurantes do estado. O Sindbares já declarou que a falta de mão de obra é causada principalmente pelos auxílios assistenciais a que as pessoas de baixa renda têm direito.

O Sindicato dos Trabalhadores de Bares e Restaurantes do Espírito Santo (Sintrabares-ES) reconhece a dificuldade do setor em encontrar mão de obra. No entanto, as baixas remunerações são fatores determinantes para o preenchimento das vagas atualmente.

Outro fator apontado pelo sindicato é a migração de trabalhadores do comércio para a indústria após a pandemia. “Trabalhadores têm migrado para a indústria, onde o salário é melhor e há mais benefícios”, destacou o sindicato.

A taxa de desemprego no Brasil recuou para 5,6% no trimestre encerrado em julho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada nesta terça-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse foi o menor nível da série histórica do instituto, iniciada em 2012. No trimestre anterior, encerrado em abril, a taxa era de 6,6%. No mesmo período do ano passado, era de 6,9%.

A desocupação atingiu 6,11 milhões de pessoas no trimestre, o menor número desde o fim de 2013, quando era de 6,10 milhões. O resultado representa uma queda de 14,2% (1 milhão de pessoas) contra o trimestre anterior e de 16% (menos 1,2 milhão) em relação ao mesmo trimestre de 2024.

Já a população ocupada chegou ao recorde de 102,4 milhões de pessoas. Desse total, o número de empregados com carteira assinada também foi o mais alto já registrado, somando 39,1 milhões.

Segundo o IBGE, esse aumento no número de trabalhadores com carteira puxou o recuo da desocupação no país. Desse contingente, os setores quem mais contrataram foram:

  • Administração pública, saúde, educação e serviços sociais (+522 mil);
  • Serviços ligados a informação, comunicação, finanças e administração (+260 mil);
  • Agropecuária e atividades relacionadas (+206 mil pessoas).
  • Na comparação com o mesmo período de 2024, cinco setores se destacaram:
  • Administração pública, saúde, educação e serviços sociais (+677 mil).
  • Indústria (+580 mil);
  • Serviços de informação, comunicação, finanças e administração (+480 mil);
  • Comércio (+398 mil);
  • Transporte e correio (+360 mil);
  • Veja os destaques da pesquisa
  • Taxa de desocupação: 5,6%
  • População desocupada: 6,118 milhões de pessoas
  • População ocupada: 102,4 milhões
  • População fora da força de trabalho: 65,6 milhões
  • População desalentada: 2,7 milhões
  • Empregados com carteira assinada: 39,1 milhões
  • Empregados sem carteira assinada: 13,5 milhões
  • Trabalhadores por conta própria: 25,9 milhões
  • Trabalhadores informais: 38,8 milhões

A força de trabalho, que inclui ocupados e desocupados, atingiu 108,6 milhões de pessoas, também um novo recorde da série histórica do IBGE. O número permaneceu estatisticamente estável frente ao trimestre anterior, mas avançou 1,1% (mais 1,2 milhão) em relação ao mesmo período de 2024.

A população fora da força de trabalho somou 65,6 milhões, também mantendo estabilidade nas duas comparações.

🔎A população ocupada inclui todas as pessoas que estão trabalhando, formal ou informalmente. Já a força de trabalho reúne os ocupados e os desocupados, ou seja, quem está empregado e quem busca emprego. Quem não trabalha nem procura trabalho integra a população fora da força de trabalho.

A população desalentada chegou a 2,7 milhões de pessoas, e caiu 11% no trimestre (menos 332 mil) e 15% no ano (menos 475 mil). A taxa de desalento recuou 0,3 ponto percentual no período e 0,4 ponto percentual no ano, chegando a 2,4%.

Já a taxa composta de subutilização, que representa a força de trabalho “desperdiçada” no país, ficou em 14,1%. Segundo o IBGE, essa também foi a mais baixa da série, representando também uma queda de 1,3 p.p. em relação ao trimestre anterior (15,4%) e de 2,1 p.p. na comparação anual.

“Os dados mostram que quem saiu da desocupação não está abandonando a força de trabalho nem entrando no desalento, mas sim se inserindo de fato no mercado, o que é confirmado pelo recorde de ocupação”, afirma Kratochwill.

Informalidade cai para 37,8%, mas total de trabalhadores informais aumenta

Apesar do recorde de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, houve uma estabilidade em relação ao trimestre anterior e de alta de 3,5% frente ao mesmo período de 2024.

Já os empregados sem carteira assinada eram 13,5 milhões, o que representa estabilidade nas duas comparações.

Com isso, o número de trabalhadores informais chegou a 38,8 milhões, levemente acima do período anterior de três meses (38,5 milhões) e de um ano antes (38,7 milhões).

O trabalho por conta própria também atingiu o maior nível da série, com 25,9 milhões, alta de 1,9% no trimestre (mais 492 mil) e de 4,2% no ano (mais 1 milhão).

Assim, de maio a julho, a taxa de informalidade foi de 37,8%, abaixo do trimestre anterior (38%) e do mesmo período de 2024 (38,7%).

Segundo William, “o avanço da informalidade foi pequeno e sem relevância estatística, mas a formalização continuou a crescer, o que reduziu o indicador”.

Massa de rendimentos também bate recorde

As pessoas ocupadas receberam cerca de R$ 3.484 por mês no trimestre terminado em julho, por todos os trabalhos que tinham na semana de referência da pesquisa. É o que o IBGE chama de rendimento médio real habitual.

O valor cresceu 1,3% no trimestre e registrou crescimento de 3,8% quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

FONTE: OLHE AGORA NEWS