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Messias Donato, Deputado Federal do ES (Republicanos), recebeu Pix na conta de sua esposa Aline Alvarenga Donato Bezerra, após supostamente extorquir um empresário que detinha contratos na Prefeitura de Cariacica. As transferências de dinheiro ocorreram várias vezes e nada foi declarado.
Coincidência ou não, após se negar a continuar pagando, o empresário teria sido supostamente prejudicado com a retenção de valores pela Prefeitura. E não teve seu dinheiro devolvido pelo Deputado, caso Messias alegue se tratar de um empréstimo.
Um comprovante, ao qual a FOLHA DO ES teve acesso e disponibiliza ao leitor nessa reportagem, mostra um pagamento de R$ 25 mil para o nome de Aline Alvarenga Donato Bezerra, esposa do parlamentar. Foram várias transferências por pix e até pagamentos de locação de carro particular.
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Messias teria recebido esses valores quando era Secretário da Prefeitura e depois como candidato a Deputado Federal. Informações dão conta de que ele recebeu mais de R$ 900 mil reais, entre transferências por pix na conta da esposa e dinheiro em espécie. Ele teria recebido inclusive dentro da Prefeitura de Cariacica, em várias ocasiões, a pedido do próprio Messias.
A verdade é que Messias Donato não tem como explicar o recebimento desse dinheiro por Pix na conta de sua esposa, ocorrido várias vezes. É uma prova cabal, um evento concreto que mostra entradas de dinheiro sem explicação no bolso de um agente público, um político. O uso da conta da esposa como suposta laranja pode ser visto como uma forma de ocultar a origem do recurso, sabendo da ilegalidade.
Nesse contexto obscuro, há duas hipóteses plausíveis. Ou o Deputado praticou crime de extorsão ameaçando prejudicar o empresário na Prefeitura de Cariacica caso ele não pagasse o achaque, sendo também um ato de corrupção de Messias para obter vantagem indevida e enriquecimento ilícito, valendo-se do cargo.
Ou Messias Donato praticou crime de estelionato, um golpe contra o empresário, pegando seu dinheiro indevidamente como um empréstimo não devolvido ou um serviço não realizado pelo Deputado. Nesse caso, sendo essa sua defesa, ele seria obrigado à devolução do dinheiro embolsado e ainda seria exposto como quem enganou a suposta vítima, o famoso 171, artigo do crime de estelionato no Código Penal.
Essa são hipóteses, suposições e cenários avaliados pelo jornal: o fato objetivo e incontroverso é o Pix, mais de um, que ele e a esposa terão que explicar às autoridades e à sociedade. De qualquer forma, todo cenário nesse caso é um caminho turvo, sombrio, sinuoso e apocalíptico para o Deputado evangélico, para sua carreira e sua biografia, com consequências jurídicas e políticas.
- Quem é Messias Donato?
Eleito Deputado Federal em 2022 pelo peso da Prefeitura de Cariacica e força política do Prefeito na cidade, sobretudo entre lideranças evangélicas, sua vitória inusitada foi vista como demonstração de prestígio do Prefeito Euclério Sampaio. Mesmo eleito como o menos votado entre os 10 deputado eleitos, a eleição de Messias surpreendeu. Ele bateu na trave e entrou raspando como o 10° deputado eleito de uma bancada de 10 deputados federais capixabas.
Messias, antes visto como uma figura politicamente inexpressiva e até obscura e pesada para alguns, foi suplente de Vereador de Cariacica e assessor comissionado do então Deputado Estadual Euclério Sampaio na Assembléia Legislativa.
Eleito Prefeito de Cariacica, Euclério levou Messias para a Prefeitura, sendo nomeado em algumas pastas, dentre elas o cargo de Secretário Municipal de Governo, de onde saiu para se eleger Deputado Federal. Ele se diz aliado do ex-Presidente Jair Bolsonaro e adepto das pautas conservadoras de direita, com uso ostensivo da religião e pautas de costume como alicerces de seu mandato, visto como inexpressivo e vazio.
O deputado ganhou alguma notoriedade quando bateu boca em plenário e recebeu um tapa na cara do deputado federal carioca Washington Quaquá (PT). Messias chorou depois na tribuna da Câmara ao discursar sobre o fato. Isso fez circular seu nome na bolha da extrema direita, diante da divulgação nacional de agressão entre deputados, um que se diz de direita e outro de esquerda, aumentando a polarização que traz benefícios eleitorais gratuitos, sem necessidade de trabalho ou realização concreta.