O prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Theodorico Ferraço (PP), tem adotado uma estratégia de silêncio calculado ao lidar com o legado de seu antecessor, Victor Coelho (PSB). Embora um fluxo constante de representações com indícios de irregularidades da antiga administração esteja sendo encaminhado ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Ferraço evita transformar o tema em bandeira política ou embate público.

A escolha pela discrição tem explicação: o atual governador Renato Casagrande (PSB), aliado de Victor, é também tem como vice-governador e pré-cadidado a governador, Ricardo Ferraço, filho do prefeito que busca manter portas abertas com o Palácio Anchieta para viabilizar recursos e obras para Cachoeiro.

Essa posição estratégica cria um ambiente de moderação. Qualquer ataque mais direto de Ferraço ao ex-prefeito poderia ser interpretado como um movimento contra o próprio governador e, por consequência, contra o futuro político de seu filho.

Assim, o prefeito de Cachoeiro equilibra duas frentes:

• cumpre seu dever institucional ao encaminhar ao MP-ES todas as suspeitas que chegam sobre a gestão anterior;
• se preserva politicamente ao não dar publicidade aos casos, blindando sua relação com o governo estadual.

O resultado é uma operação de bastidores: Ferraço lava as mãos publicamente sobre os atos do antecessor, mas não deixa de manter Victor Coelho sob pressão judicial, em paralelo à manutenção de um canal de cooperação com Casagrande.