
Por Amanda Amaral
Dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia mostram que a dor de cabeça é a sétima doença mais incapacitante do mundo e atinge cerca de 140 milhões de brasileiros. Especialistas alertam que, dores de cabeça diferentes do habitual ou acompanhadas de outros sintomas, devem ser investigadas. Mas o que fazer para eliminar esse problema que atormenta muitos capixabas?
O neurocirurgião do Centro de Terapia da Dor da MedSênior, Bernardo Chamon, explica que a dor de cabeça – também chamada de cefaléia, pode representar diversas condições primárias – aquelas que não são decorrentes de outras doenças. Um exemplo é a enxaqueca. Mas também pode estar relacionada à condições secundárias como uma doença vascular, uma AVC hemorrágico, viroses, tumores, ou outras.
“A pessoa sempre tem que ter em mente que a dor de cabeça, mesmo que todos tenham eventualmente, pode representar algo mais perigoso, então ela deve se atentar aos sinais de alarme. Uma mulher que tem dor de cabeça desde adolescente, que se repete com o ciclo menstrual, mês a mês, isso é uma dor de cabeça habitual. Mas quando a dor de cabeça é somada a uma febre, um histórico oncológico ou acontece durante um tratamento, estas dores podem representar doenças mais graves. A pessoa precisa procurar um especialista o mais breve possível”, explicou.
Bernando Chamon também pontua que, mesmo que a dor de cabeça acompanhe o paciente por muito tempo e ele já conheça seu padrão, se ela se manifestar em uma maior quantidade de dias ou se prolongar por um mês, ou até mesmo se tornar incapacitante, é preciso procurar um médico para uma avaliação adequada.
O neurocirurgião afirma que é necessário fechar um diagnóstico e partir daí, buscar o tratamento adequado para o paciente. “Temos um arsenal muito grande, que vão desde medicamentos variados, com vantagens e desvantagens. Não dá para colocar todo mundo no mesmo bolso, pois a enxaqueca e a encefalia tensional são mais comuns na população, mas utilizamos tratamentos diferentes”, disse.
Botox
Para a médica Renata Melo, o uso da toxina botulínica aplicada em pontos estratégicos da musculatura da cabeça e do pescoço, promove o relaxamento muscular e bloqueia os sinais de dor enviados ao sistema nervoso, proporcionando alívio significativo e duradouro. “É uma abordagem que realizo com frequência na clínica, especialmente nos casos de enxaqueca e cefaléia tensional. É um tratamento muito procurado pelos pacientes e com resultados excelentes”, destaca.

A dermatologista Karina Mazzini explica que indica o botox, principalmente, para a enxaqueca crônica. “O grande efeito do botox, para tudo, até para suor, é que ele atua bloqueando a liberação de neurotransmissores na sinapse nervosa, principalmente a acetilcolina, que é responsável pela condução dos sinais de dor e contração do músculo. Então, quando o botox é aplicado em pontos específicos de cabeça, pescoço e ombro, ele diminui a tensão muscular, ele reduz a dor causada pela contração constante dos músculos. A gente observa muito isso naqueles três músculos da “carinha de zangado” na testa, que normalmente quando a paciente tem cefaléia ou enxaqueca frontal, não pode nem apertar aquilo, aí quando faz o botox melhora muito”, conta.
A Karina Mazzini frisa que o botoxo inibe a liberação de neurotransmissores envolvidos na dor, como o glutamato e a substância P, que participam da sensibilização dos nervos, isso faz com que haja redução da sensibilização dos nervos periféricos e centrais, especialmente do nervo trigêmeo, que tem um papel importantíssimo nas crises de enxaqueca.
Acupuntura

Um dos tratamentos citados por Bernando Chamon é a acupuntura. “Ela tem ganhado bastante notoriedade, muitos grupos usam no tratamento da dor crônica, a cefaléia, por exemplo, é alvo de pesquisas, porém, as pessoas devem procurar um médico experiente”, alerta. A médica Renata Melo a destaca como alternativa complementar: “embora eu não realize acupuntura, ela pode ser uma alternativa complementar interessante em estratégias integradas, atuando na modulação da dor e no equilíbrio do organismo”.
Anticorpos monoclonais
Outra opção é o tratamento com anticorpos monoclonais – que atuam no bloqueio de uma molécula no organismo chamada CGRP. O tratamento é feito por meio de uma aplicação que é realizada na farmácia e uma vez por mês, segundo explicou Bernando Chamon: “é seguro e efetivo para enxaqueca crônica, muitos pacientes obtém bons resultados”, disse.
Neuromodulação
As técnicas de neuromodulação não invasiva consistem na estimulação transcraniana repetitiva não invasiva. “Uma máquina sobre o couro cabelo envia estímulos específicos para o cérebro, ativando vias do sistema nervoso que induz a analgesia, às vezes, o paciente consegue sair da crise vigente”, contou o neurocirurgião.
Cirurgia de implantação do nervo occiptal
Para determinados casos, há ainda tratamentos invasivos. “Para candidatos a intervenções cirúrgicas, também existe cirurgia para a estimulação do nervo occipital. É um tratamento relativamente mais novo, e é usada para alguns casos de enxaqueca, mas com critérios específicos, em uma doença mais rara”, fala.
Estilo de Vida
O Bernando Chamon alerta ainda que uma mudança no estilo de vida pode favorecer o tratamento dos pacientes que sofrem com dor de cabeça e até promover melhoras. “É recomendado que as pessoas tenham uma prática regular de atividades físicas, não fumem, evitem exageros com bebidas alcóolicas e busquem por uma alimentação saudável”, destaca.
FONTE: ES BRASIL