
Na sessão da Câmara Municipal realizada na terça-feira (6), vereadores usaram o breve expediente para direcionar duras críticas a setores da atual gestão do prefeito Theodorico Ferraço, com destaque para a atuação da secretária de Saúde, Renata Fiório.
Contudo, as críticas não foram direcionadas à pessoa do prefeito, pelo contrário, os vereadores se colocaram, quase em sua totalidade, na posição compreensiva de proteger Ferraço que, nesses primeiros meses de mandato, ainda está ajustando sua forma de gerir a cidade e lidando com problemas que vêm da gestão passada.
O vereador Alexandre de Itaoca iniciou dizendo que “a saúde não espera”, ao contrário de outros setores da sociedade (como a compra de máquinas) e lembrou que o acesso a atenção primária, principalmente nos postos de saúde do interior, está sendo negligenciada.
“Não temos hoje algodão, produtos para fazer curativos, não temos remédio nas farmácias, não temos uma pessoa com a boa vontade de conversar com quem vai buscar um remédio e não encontra e dizer ‘calma que as coisas vão se ajustar’.
“A secretária tem que ter responsabilidade, e isso a lei exige dela, que ela faça um orçamento e encontre o mais barato para trazer isso [os medicamentos] para dentro da prefeitura. Qualquer empresa privada funciona dessa forma: Ela vai sempre buscar o melhor preço para que ela trate seu cliente da melhor forma, e isso não pode ser diferente com a prefeitura.”
O vereador, então, continuou seu discurso lembrando de qual seria a responsabilidade da gestão municipal quanto ao tema saúde:
“Mas a responsabilidade maior é quando você vai dentro de uma farmácia, dentro de um hospital, e diz o seguinte: ‘nós vamos comprar no preço que tiver agora para poder atender aos anseios da nossa população. Isso se chama responsabilidade com a população! Depois você discute com o prefeito, com o secretário da fazenda, com quem for o responsável pela receita do município, mas você não pode deixar de dar resposta pra população!’”
“para ser um bom secretário, é necessário amar o próximo e ter responsabilidade com o seu governo, mas entendendo que precisamos dar dignidade aos postos de saúde”, destacou Alexandre.
Na mesma linha, o vereador Creone da Farmácia denunciou a presença de medicamentos vencidos nas prateleiras de farmácias de unidades básicas de saúde (UBS) do município. Segundo ele, os remédios estariam sendo transportados em veículos descaracterizados, possivelmente não pertencentes à frota oficial da prefeitura, e sem qualquer documentação que comprove a entrada e a saída dos produtos nas unidades, o que levanta suspeitas sobre possível desvio de uso. O mesmo vereador também mencionou casos de maus-tratos e falta de educação por parte de funcionários das UBSs no atendimento à população.
Outro destaque da sessão foi a fala do vereador Thiago Neves (PSB), que trouxe à tribuna duas garrafas de água com o objetivo de denunciar a precariedade do abastecimento na comunidade de Santa Clara, que reúne mais de 50 residências. A água apresentada por Neves estava visivelmente amarelada e turva, sendo a mesma consumida por moradores para beber e cozinhar. O parlamentar ainda destacou um aviso fixado na entrada da comunidade que implora por acesso à água potável. O problema foi atribuído à BRK Ambiental, empresa responsável pela gestão da água e do saneamento em Cachoeiro.
A sessão reforçou o clima de insatisfação de parte do Legislativo com a condução de serviços essenciais na cidade e abriu espaço para que novas discussões sobre fiscalização e transparência ganhem força nos próximos encontros da Casa. Também foi cobrada a necessidade de uma comunicação mais direta e efetiva entre as pastas do Executivo Municipal e a Câmara de Vereadores.