Com escalada da guerra no Oriente Médio, preços do petróleo avançam

Pouco depois das 8 horas (pelo horário de Brasília), o preço do barril de petróleo do tipo Brent subia 0,88%. O petróleo WTI avançava 0,91%

- Anton Petrus/Getty Images

Com a escalada da guerra no Oriente Médio entre Israel e Irã e diante da entrada dos Estados Unidos no conflito, nesse fim de semana, o petróleo era negociado em alta na manhã desta segunda-feira (23/6), refletindo a preocupação dos investidores com os efeitos econômicos globais do episódio.


O que aconteceu

  • Pouco depois das 8 horas (pelo horário de Brasília), o preço do barril de petróleo do tipo Brent (referência para o mercado internacional) subia 0,88%, a US$ 77,69.
  • Já o barril do tipo WTI (referência para o mercado norte-americano) avançava 0,91%, cotado a US$ 74,51.
  • O Irã é um dos maiores produtores de petróleo bruto entre as nações que integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Trump entra na guerra

Tropas dos EUA bombardearam três instalações nucleares no Irã no sábado (21/6). A ação norte-americana foi parabenizada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por uma decisão “ousada”.

Um dos locais bombardeados foi a usina de Fordow, com capacidade para operar 3 mil centrífugas para enriquecimento de urânio, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Ao longo dos últimos anos, Netanyahu tentou apoio dos EUA para tentar pôr fim ao programa nuclear do Irã. Segundo ele, a medida seria para evitar que o país persa fabricasse uma bomba atômica.

Depois da ação norte-americana, aliados do Irã, como os Houthis, no Iêmen, ameaçam atacar navios dos EUA no Mar Vermelho caso a potência persista na guerra.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse, nesse domingo (22/6), que o país persa não vai se render e que não teme as ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump.

“Ele [Trump] ameaça e, com uma declaração ridícula e inaceitável, pede explicitamente à nação iraniana que venha e se renda a mim. Quando uma pessoa observa essas coisas, fica verdadeiramente surpresa. […] Dizer à nação iraniana para se render não é uma atitude sensata. Pessoas inteligentes que conhecem o Irã, conhecem a nação iraniana, conhecem a história do Irã, jamais diriam tal coisa. Render-se a quê? A nação iraniana não é de se render”, enfatizou Khamenei.

O aiatolá do Irã indicou ainda que a ação militar dos EUA pode trazer “danos irreparáveis” aos próprios norte-americanos. “O que eles sofrerão nesse sentido é muito maior do que o que o Irã pode sofrer. O dano que os EUA sofrerão se entrarem militarmente neste campo será, sem dúvida, irreparável.”

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Fechamento de Ormuz

No domingo, o Parlamento do Irã votou pelo fechamento do Estreito de Ormuz, em resposta aos ataques dos EUA contra o país. A decisão ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo líder supremo Ali Khamenei.

O Estreito de Ormuz é um ponto estratégico no Golfo Pérsico, controlado pelo Irã e fundamental para o comércio da região. Passa por ali cerca de 21% de todo o petróleo do planeta.

O parlamentar iraniano Seyyed Ali Yazdi Khah afirmou que os adversários devem saber que o país possui muitas opções e que, se necessário, as utilizará. De acordo com o jornal Mehr, Teerã poderá fechar a rota estratégica para proteger seus interesses nacionais.

De acordo com a PressTV, o parlamentar iraniano Esmaeil Kowsari defendeu o fechamento da principal rota marítima do Golfo Pérsico, que é essencial para a exportação de petróleo da maioria dos países da região.

Nos últimos anos, países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos aumentaram o transporte por meio de oleodutos. Mesmo assim, desvios pontuais do fluxo convencional do petróleo não seriam suficientes para evitar uma grave desorganização da cadeia.

Segundo relatório da seguradora holandesa ING, uma interrupção significativa nesses fluxos “seria suficiente para elevar os preços para US$ 120 o barril”. “Se isso persistir até o fim do ano, poderemos ver o [petróleo do tipo] brent atingir novas máximas, acima do recorde de quase US$ 150 em 2018”, diz o documento.

Nas últimas semanas, antes mesmo dos ataques israelenses a Teerã, um número cada vez maior de embarcações tem evitado o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico. A autoridade marítima do Reino Unido (UKMTO) emitiu uma série de alertas a respeito do “aumento das tensões na região, o que pode levar a uma escalada da atividade militar, com impacto direto sobre os marinheiros”. Segundo o órgão, “os navios são aconselhados a cruzar o Golfo Pérsico, o Golfo de Omã e o Estreito de Ormuz com cautela”.

FONTE: METROPOLES