A Comissão Especial de Inquérito (CEI) aberta pela Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim para investigar supostas irregularidades na atuação da BRK Ambiental caminha para um desfecho inócuo. O colegiado, criado com a promessa de fiscalizar contratos, tarifas e serviços de esgoto e água, não conseguiu construir uma agenda mínima de oitivas, tampouco estruturou uma equipe técnica e jurídica capaz de enfrentar o tema, considerado altamente complexo.
Sem advogados ou peritos especializados em saneamento, os vereadores se mostram despreparados para analisar cálculos tarifários, índices de reajuste, parâmetros de tratamento e os impactos ambientais decorrentes de lançamentos de esgoto no Rio Itapemirim. Na prática, a comissão tem se limitado a reuniões protocolares e discursos genéricos.
Enquanto isso, a BRK Ambiental, controlada por um poderoso grupo econômico do Canadá, segue mantendo sua influência política e econômica. Parlamentares de perfil provinciano enfrentam um adversário com estrutura jurídica robusta, recursos ilimitados e forte lobby sobre prefeituras e órgãos reguladores. O resultado é o previsível: uma CEI que tende a terminar sem conclusões objetivas, sem recomendações de punição e sem respostas à sociedade.
“A falta de um corpo técnico e o medo político de enfrentar uma multinacional tornam a CEI da BRK uma peça de ficção administrativa”, avalia um servidor ouvido pela reportagem.
Principais polêmicas envolvendo a BRK Ambiental em Cachoeiro-ES
- Flagrante de crime ambiental: Em outubro de 2025, o gerente de operações da BRK foi conduzido pela Polícia Ambiental após flagrante de descarte de esgoto bruto no Rio Itapemirim, em plena área urbana.
- Falta de água: Moradores enfrentaram várias interrupções no abastecimento, especialmente em bairros da margem sul, com falhas recorrentes nas bombas de sucção.
- Tarifas abusivas: A empresa é alvo de críticas por reajustes acima da inflação e por cobranças consideradas injustas em áreas ainda sem cobertura plena de rede de esgoto.
- Relações políticas suspeitas: Há suspeitas de que a BRK mantenha vínculos com figuras políticas locais, patrocinando eventos e campanhas de forma indireta, o que compromete a imparcialidade da fiscalização.
A CEI, que deveria representar um marco de transparência e defesa do interesse público, corre o risco de se tornar apenas mais um episódio de omissão institucional em Cachoeiro de Itapemirim. O caso BRK expõe o descompasso entre o poder econômico das grandes concessionárias e a fragilidade política de quem deveria fiscalizá-las.
Não é a primeira vez que tentam investigar a BRK pela Câmara de Vereadores. Nunca foi à frente.