Capixabas embarcam para 2ª Descida Ecológica do Rio Sena, na França

Evento acontece 12 anos após a primeira edição e mobiliza ambientalistas, governos, sociedade civil e empresários em busca de soluções para a poluição e os efeitos da crise climática

- Legenda. Cenas da primeira expedição, realizada em 2013, na passagem por Paris Créditos. Divulgação.

Após 12 anos da primeira expedição, os ambientalistas Alberto Pêgo e Fábio Medeiros, acompanhados do cinegrafista Mateus Poltronieri, embarcaram nesta terça-feira (19), no Aeroporto de Vitória, rumo à 2ª Descida Ecológica do Rio Sena, que acontece na França entre 20 de agosto e 17 de setembro. A jornada será realizada em dois caiaques, percorrendo cerca de 800 km do rio francês.

O grupo integra o River Planet, movimento internacional que busca engajar governos e a sociedade na recuperação dos rios e na valorização da água diante da crise climática.

Além dos equipamentos técnicos, os ambientalistas levaram na bagagem cartas assinadas pelo governador Renato Casagrande (PSB) e pelo presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União Brasil), propondo a assinatura de um protocolo de cooperação entre o Espírito Santo e instituições francesas, como a Agência de Águas e o Comitê do Sena. O objetivo é a troca de experiências para recuperação de rios e enfrentamento de efeitos climáticos, como enchentes e secas.

“O Sena passou 102 anos poluído e hoje é utilizado para banho e lazer. Vamos conhecer de perto as soluções que permitiram essa transformação e avaliar o que pode ser aplicado aos rios capixabas”, destacou Pêgo, que também participou da primeira descida, em 2013.

Segundo Pêgo, o secretário de Estado da Recuperação do Rio Doce, Guerino Balestrassi, encontrará a expedição em Paris no dia 31 de agosto, durante o evento Paris Plages, quando as margens do Sena são transformadas em área de lazer com praias artificiais.

A iniciativa acontece no ano em que se celebram os 200 anos do reconhecimento da independência do Brasil pela França, o que reforça o caráter simbólico da missão.

Entre as tecnologias observadas pela expedição capixaba estão os canais de alívio e lagos artificiais, que ajudam a controlar enchentes e armazenar água para os períodos de seca, além do “censo dos peixes”, sistema que monitora espécies migratórias por câmeras e sensores em passagens fluviais.

Essas soluções já foram apresentadas ao deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia, que apoiou a iniciativa e fez a articulação do movimento com os poderes.

“Estamos diante de um projeto capaz de deixar um legado para o Espírito Santo, para o país e para o planeta. Os rios são peças-chave na adaptação climática e na segurança ambiental das populações”, afirmou Gandini.

Pêgo reforça que a expedição vai além da poluição dos rios: “Na França e no Espírito Santo já enfrentamos episódios extremos de chuvas e enchentes, como as que ocorreram em Iconha, Mimoso do Sul e Castelo, mas também secas severas no Norte. Queremos aprender como eles lidam com esses desafios e trazer soluções aplicáveis à nossa realidade”.

Durante a viagem, a equipe manterá um diário de bordo com publicações diárias no Instagram (riverplanet_org) e transmissões ao vivo. O material dará origem a webséries, seminários e conteúdos educativos a serem compartilhados no Brasil e na França.

“A mensagem central é de esperança. O Brasil tem a maior reserva de água doce e as maiores florestas do planeta. Nosso desafio é acreditar em nossa capacidade de preservar esse patrimônio”, concluiu Pêgo.