
Cansaço, palidez, emagrecimento, mau funcionamento dos rins e inchaços. Esses sinais e sintomas aparentemente desconexos entre si podem indicar o desenvolvimento de um mieloma múltiplo, um tipo de câncer do sangue que pode levar a problemas renais e também ósseos, como fraturas espontâneas.
Por isso, a campanha Março Borgonha tem como objetivo conscientizar a população sobre os sinais da doença, já que o diagnóstico precoce permite iniciar estratégias para impedir a progressão dos sintomas da doença, que registrou 176 mil novos casos em todo o mundo em 2020, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“De uma forma resumida, o mieloma múltiplo surge devido ao acúmulo de mutações em células chamadas plasmócitos, que são responsáveis pela produção de anticorpos. Essas células mutantes se multiplicam de forma veloz, comprometendo a produção de outras células do sangue. Proteínas alteradas produzidas pelas células neoplásicas podem levar a problemas ósseos, como fraturas, e também a complicações renais”, explica o hematologista Douglas Covre Stocco.
Na maior parte dos casos, no entanto, o paciente com mieloma múltiplo demora a receber o diagnóstico, o que pode prejudicar muito o tratamento e o controle dos sintomas da doença. Por isso, é muito importante conhecer sinais de alerta e procurar um médico assim que eles forem identificados.
“A importância do diagnóstico precoce do mieloma múltiplo está no fato de que, sem controle, a doença pode progredir com sintomas que afetam fortemente a rotina do paciente, como intensas dores ósseas e problemas renais. São questões que, além do sofrimento, também podem limitar o indivíduo, privando-o da sua autonomia”, alerta o médico.
Os principais sinais e sintomas do mieloma múltiplo são cansaço extremo, fraqueza, palidez e perda de peso; mau funcionamento dos rins, inchaço nas pernas; sede exagerada, perda de apetite, constipação grave; dores ósseas (especialmente na coluna) e fraturas espontâneas, além de infecções constantes.
“O diagnóstico do mieloma múltiplo pode ser alcançado através de uma série de exames, a depender de cada caso. Normalmente, a partir de exames comuns, o médico pode perceber alterações como anemia, disfunção renal e elevação do cálcio. A partir daí, exames como eletroforese e imunofixação de proteínas e biópsias da medula podem ajudar a fechar o diagnóstico”, detalha Stocco.
Tratamento
Existem diversas formas de tratar o mieloma múltiplo e a escolha de cada alternativa terapêutica depende de um conjunto de fatores a serem avaliados pelo médico.
O tratamento consiste em uma fase de indução de remissão, em que um conjunto de medicações com diferentes alvos atacam as células neoplásicas para eliminá-las.
“Em alguns casos, uma terapia eficaz e importante é o transplante autólogo de medula óssea, no qual a medula óssea para o transplante vem do próprio paciente. As células-tronco da medula são coletadas e, em seguida, o paciente recebe medicamentos para destruir a medula doente. A partir de então, as células-tronco saudáveis, inicialmente coletadas, são reintroduzidas no paciente, para a criação de uma nova medula”, esclarece o hematologista.
Nesse processo, o paciente fica mais vulnerável a infecções até a “pega” da nova medula. A indicação de transplante de medula irá depender de fatores como as condições físicas do paciente e a sua idade.
Redação Multimídia ESHOJE