
O deputado estadual Wellington Callegari (PL) demonstrou incômodo com o artigo de minha autoria sobre o vazio ideológico no Espírito Santo. Compreendo. O texto realmente poderia ter sido mais claro ao diferenciar regime e sistema político, sobretudo no que se refere às lideranças majoritárias, governadores e senadores, foco principal da análise.
É justo reconhecer que Callegari tem formação de Direita, com conteúdo, base e consistência. Acompanho seu trabalho e afirmo que ele teria, inclusive, capacidade para lecionar sobre a estrutura e o pensamento conservador, tamanha é sua familiaridade com o tema. Ocorre que o artigo não tratava de deputados estaduais ou federais, mas sim da ausência de representantes majoritários, eleitos para o Executivo e para o Senado, que se enquadrem na tradição da Direita política, ideológica, e não apenas de discurso.
O deputado se sentiu ofendido, talvez por imaginar que o texto o enquadrava como alguém sem base política ou intelectual. Quero dizer, com humildade e honestidade, que, embora haja outros nomes com algum alinhamento, apenas dois políticos fora das cadeiras majoritárias demonstram, com clareza, coerência e cultura conservadora: ele próprio e o deputado Lucas Polese (PL). Ambos defendem com clareza uma pauta liberal e uma visão de Estado alinhada à tradição da Direita.
Dito isso, senti a necessidade de esclarecer o ponto falho do texto, que acabou parecendo “generalista”, como apontou o deputado. Contudo, reafirmo que grande parte do eleitorado capixaba não possui formação política sólida para distinguir posicionamentos reais entre os partidos. São muitos estatutos, muitos rótulos e pouca coerência. A ideologia, infelizmente, ainda é confundida com estilo ou retórica.
Interpretação de texto não é simples. Mas prefiro a crítica firme de um deputado que se posiciona, como fez Callegari, do que o silêncio ensurdecedor que imperou com minha prisão por mais de um ano, enquanto mantive minhas convicções sobre o STF, o Estado de Exceção e a pusilanimidade estadal sem eco público.
Deputado Callegari, sua crítica foi pertinente e respeitável. Continue assim: reto, sem curva, com a coragem de quem não teme o embate e sabe que errar faz parte, julgar, talvez nem tanto.
Por fim, deixo-lhe um pedido: se encontrar, na história pós regime militar no Espírito Santo, um governador, um senador ou ao menos um pré-candidato assumidamente de Direita no sentido ideológico, me avise. Vindo de você, darei crédito. Por ora, confesso: minha memória me trai.