
Uma nova espécie de bromélia foi descoberta por pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) em um inselbergue (formação rochosa isolada) no município de Nova Venécia, norte do Espírito Santo. Batizada de Stigmatodon vinosus, a planta surpreende por sua beleza singular e por sua distribuição extremamente restrita. O alerta, no entanto, veio junto com a descrição científica: a espécie já foi classificada como “Criticamente em Perigo de Extinção”.
A descoberta é resultado de uma expedição botânica liderada pelos pesquisadores Vitor C. Manhães e Dayvid R. Couto, do INMA, em colaboração com Elton M. C. Leme, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e foi publicada nesta terça-feira, dia 21 de outubro, no periódico científico Phytotaxa.

Durante as coletas, os cientistas encontraram um exemplar com características morfológicas diferentes das demais espécies do gênero Stigmatodon. A planta foi cultivada até a floração, o que permitiu a análise detalhada de suas estruturas reprodutivas, fundamentais para confirmar a descrição de uma nova espécie.
O nome científico “vinosus” faz referência à tonalidade predominantemente vinho das grandes brácteas florais (estruturas próximas das flores, que atraem polinizadores e protegem os botões) e da inflorescência, um dos traços mais marcantes da espécie recém-descrita. Por sua coloração avermelhada e formato peculiar, os pesquisadores sugerem que a espécie seja popularmente chamada de “dama-escarlate”, em razão de seu aspecto semelhante ao vestido de uma dama.
“Esse tipo de descoberta reforça a importância dos inselbergues como refúgios de biodiversidade única”, destaca Vitor C. Manhães. “Mas sua fragilidade é extrema: qualquer alteração no uso do solo, mineração ou incêndios pode levar à extinção imediata de espécies como essa”, alerta Dayvid R. Couto.
O inselbergue onde Stigmatodon vinosus foi encontrado não está protegido por nenhuma unidade de conservação e sofre crescente pressão de atividades humanas nas redondezas. Por ocorrer em apenas um ponto geográfico conhecido, a espécie foi incluída na categoria “Criticamente em Perigo (CR)”, segundo os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A descrição formal da nova bromélia foi publicada no periódico Phytotaxa, acompanhada de ilustrações botânicas e análises comparativas com espécies próximas do gênero Stigmatodon.