Por Jackson Rangel
De repente, a CEI deixou de ser prioridade. Não houve comunicado oficial, coletiva ou explicação transparente. Apenas a interrupção abrupta do discurso que, até pouco tempo atrás, parecia irreversível.
Esse silêncio da Câmara de Cachoeiro sobre a BRK não pode ser tratado como acaso. Quando o poder político se cala sem justificar o recuo, a sociedade tem o direito de desconfiar.
O barulho recente que virou indiferença
A FOLHA DO ES acompanhou passo a passo o crescimento da insatisfação popular com a BRK. Publicou matérias, artigos e análises que expuseram falhas no serviço, reclamações recorrentes e o discurso duro de vereadores que prometiam “ir até o fim”.
Naquele momento, havia microfone disputado, indignação performática e promessas de investigação profunda. No entanto, com o passar do tempo, o tom mudou. O enfrentamento virou cautela. A cobrança virou silêncio.
Assim, o que antes era prioridade política transformou-se em indiferença institucional.
Poder econômico ou acordo político?
Diante desse cenário, a pergunta permanece sem resposta: o poder econômico venceu o poder político ou ambos decidiram caminhar juntos?
É impossível ignorar o peso financeiro de um contrato como o da BRK. Do mesmo modo, não é ingênuo supor que pressões de bastidores tenham imposto limites ao discurso público. Quando a política recua sem explicação, algo avançou longe dos holofotes.
Por isso, o silêncio da Câmara de Cachoeiro sobre a BRK deixa de ser apenas omissão e passa a ser posição.
O contribuinte no escuro
Enquanto vereadores se calam, o contribuinte segue pagando a conta. Tarifas elevadas, reclamações persistentes e sensação de abandono permanecem intactas.
O problema não é apenas a CEI não ter sido instalada. O problema é ninguém explicar por quê. Democracia exige transparência. Fiscalização exige coragem. E representação política exige coerência entre discurso e prática.
Sem isso, a Câmara se afasta da população que diz representar.
Quando o silêncio fala mais alto
Em política, silêncio raramente é neutralidade. Quase sempre é escolha. E, nesse caso, a escolha foi pelo conforto institucional.
O silêncio da Câmara de Cachoeiro sobre a BRK pesa mais do que todo o barulho feito no passado recente. Ele ecoa como sinal de fraqueza, acomodação ou conveniência. Em qualquer hipótese, quem perde é a cidade.
Cachoeiro merece respostas. O contribuinte merece respeito. E o silêncio, hoje, grita.
