Brasileiro está entre os 10 cientistas que moldaram a ciência em 2025

Luciano Andrade Moreira é celebrado pela estratégia que usa mosquitos com Wolbachia para reduzir a transmissão da dengue no Brasil

- Reprodução / Nature

Luciano Andrade Moreira, agrônomo formado pela Universidade Federal de Viçosa nos estado de Minas Gerais e pesquisador do World Mosquito Program (WMP), foi escolhido pela revista Nature como uma das dez pessoas que moldaram a ciência em 2025.

O reconhecimento, divulgado nesta segunda-feira (8/12), destaca o impacto global de sua principal linha de trabalho: a liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, que impede o inseto de transmitir vírus como dengue, zika e chikungunya.

A ideia, desenvolvida inicialmente na Austrália e expandida no Brasil sob a liderança de Moreira, se tornou uma das estratégias mais promissoras para conter epidemias.

Os mosquitos com Wolbachia se reproduzem com os insetos locais, espalhando a bactéria de forma natural e duradoura. Para isso, o país conta com uma biofábrica capaz de produzir mais de 80 milhões de ovos por semana, segundo a Nature.

O método já mostrou resultados expressivos: em Niterói (RJ), um estudo recente apontou redução de cerca de 89% nos casos de dengue após a implementação da estratégia.

O perfil publicado pela revista ressalta que a abordagem ganhou força justamente em um momento de aumento global das infecções. Segundo a Nature, o trabalho de Moreira se tornou um exemplo de como soluções biológicas, sustentáveis e de baixo custo podem transformar o controle de doenças tropicais — especialmente em países que convivem com epidemias recorrentes.

Para a ciência internacional, ele representa um caso raro em que uma inovação de laboratório se converte rapidamente em política pública com impacto direto na vida das pessoas.

Outros nomes mencionados na lista Nature’s 10

  • Susan Monarez (EUA) – Tornou-se referência em integridade científica ao rejeitar pressões políticas no governo Trump e recusar medidas sem base em evidências.
  • Precious Matsoso (África do Sul) – Conduziu as negociações que resultaram no primeiro tratado global voltado à preparação para pandemias.
  • Achal Agrawal (Índia) – Investigou fraudes e falhas na pesquisa científica indiana, contribuindo para mudanças históricas na política nacional de avaliação das universidades.
  • Liang Wenfeng (China) – Criou o DeepSeek, um modelo de linguagem avançado desenvolvido com poucos recursos e liberado em formato “open weight”, permitindo uso e modificação livre.
  • Mengran Du (China) – Liderou uma expedição que levou um submersível a cerca de 9 mil metros e revelou um ecossistema marinho nunca antes observado.
  • Sarah Tabrizi (Reino Unido) – Desenvolveu uma terapia que consegue retardar a progressão da doença de Huntington, distúrbio genético grave e sem cura.
  • KJ Muldoon (EUA) – Menino de 2 anos que se tornou o primeiro caso de aparente cura por edição genética, marcando um avanço histórico na medicina.
  • Yifat Merbl (Israel) – Descobriu uma nova função dos proteassomas, capazes de produzir peptídeos antimicrobianos que auxiliam o organismo no combate a infecções.
  • Tony Tyson (EUA) –  Físico visionário por trás da criação do novo Observatório Vera Rubin, no Chile, que ele idealizou há mais de 30 anos.

FONTE: METROPOLES