Brasil registra quatro problemas em voos de balões nos últimos 7 dias

Nesta segunda-feira, Ministério do Turismo anunciou ter planos para regulamentar prática

Um balão de passeio com sete pessoas precisou pousar em uma área de mata na manhã deste domingo, em Pancas, no Espírito Santo. Apesar do imprevisto, o passeio terminou sem nenhum ferido. O caso aconteceu um dia após a queda de um balão que causou a morte de oito pessoas em Praia Grande, no sul de Santa Catarina, e uma semana depois do acidente que matou uma mulher na zona rural de Capela do Alto, interior de São Paulo.

Também no interior paulista, um balão tripulado por 15 pessoas precisou realizar um pouso de emergência em Sorocaba, no último sábado, segundo a Polícia Militar. Nesta segunda-feira, o Ministério do Turismo disse ter planos para regulamentar a atividade.

Assim como Praia Grande, em Santa Catarina, e as cidades do interior de São Paulo, Pancas, no Espírito Santo, tem o balonismo como um de seus principais atrativos turísticos. Uma das empresas que opera na região, a Voe Pancas era a responsável pelo passeio do último domingo e esclareceu que “não houve acidente nem queda do balão”. Segundo a agência, o episódio se tratou apenas de “um pouso em local de difícil acesso”.

A responsável pela empresa Juarana Giles explicou que tudo ocorreu conforme o planejado e que a aterrissagem aconteceu próximo à estrada onde estava previsto o término do voo.

— A segurança dos passageiros é a nossa prioridade, e tudo ocorreu dentro da normalidade. Nossos voos são todos segurados com seguro aventura e nossa equipe é capacitada para a atividade — afirmou Juarana.

Nas redes sociais, Priscila Vasconcelos, que comemorava seus 40 anos no passeio, comentou que o balão “desceu em um local não previsto”, mas ressaltou: “Não caiu. A equipe nos manteve em segurança e prestou toda a assistência necessária.”

Sua colega, Ines Morena, reforçou o relato: “Eu estava lá. O balão não caiu, gente. Ninguém se feriu. O pouso foi intencional, feito de forma segura por causa de condições climáticas diversas. Em nenhum momento estivemos desgovernados.”

O Corpo de Bombeiros informou não ter sido acionado para a ocorrência.

Queda em Santa Catarina

A Polícia Civil confirmou, na tarde deste sábado (21), a morte de oito pessoas na queda de um balão de ar quente em Praia Grande, no sul de Santa Catarina. A aeronave turística pegou fogo no ar e caiu com 21 pessoas a bordo. Outras 13 vítimas foram resgatadas com vida.

Vídeos que circulam nas redes sociais registram o momento em que o balão perde altitude rapidamente, com chamas consumindo parte da estrutura durante a queda. Testemunhas relatam que algumas pessoas teriam se atirado do balão para tentar escapar do fogo.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio começou em pleno voo e provocou a queda da aeronave. O piloto, Elvis de Bem Crescêncio, sobreviveu e relatou que as chamas tiveram origem no maçarico reserva, que estava instalado no cesto do balão. De acordo com o Hospital Nossa Senhora de Fátima, cinco pessoas deram entrada no pronto-socorro. Dois sobreviventes apresentavam queimaduras de segundo grau, e os demais tinham escoriações leves e queixas de dor.

Queda em Capela do Alto (SP)

Um balão tripulado caiu em uma área rural de Capela do Alto (SP), na manhã do dia 15, deixando uma mulher morta e dez pessoas com ferimentos leves. A queda ocorreu no bairro Distrito do Porto, próximo a estrada General Portela.

De acordo com a Polícia Militar, o balão decolou de Iperó (SP) e levava 33 passageiros, além do condutor e um ajudante, quando caiu por volta das 8h da manhã. O local foi isolado para a apuração do fato pelas autoridades competentes, como a Perícia Técnica e o Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa).

Durante o final de semana do acidente, Boituva (SP), cidade vizinha localizada a cerca de 30 km de Capela do Alto, abrigou a 38ª edição do Campeonato Brasileiro de Balonismo. Em contato com O GLOBO, a Confederação Brasileira de Balonismo, responsável pela organização do evento, esclareceu através de seu presidente, Jhonny Silva, que o “balão era clandestino e não possui qualquer relação com a entidade ou com o evento”.

Ainda que a causa da queda ainda não tenha sido revelada pela PM, o mau tempo e os ventos fortes na região fizeram com que as atividades no Campeonato Brasileiro de Balonismo fossem canceladas. O piloto da aeronave foi preso em flagrante e segue detido.

Pouso forçado em Sorocaba (SP)

Um balão tripulado fez um pouso de emergência na cidade de Sorocaba, a 100 quilômetros da capital paulista, na manhã do último sábado (21). As informações são do Portal G1.

O balão saiu de Boituva (SP), a 35 km de distância do local do pouso, juntamente com outros dois veículos parecidos. No que se acidentou, havia inicialmente 15 pessoas a bordo, sendo dez paraquedistas e cinco familiares.

Os paraquedistas saltaram ainda em Boituva e, por ter ficado mais leve, o balão pegou vento e precisou pousar na cidade próxima. De acordo com o piloto, ouvido pela TV TEM, afiliada da TV GLOBO, o cesto pousou em pé, virando somente quando estava vazio. Ele disse também que o balão foi recolhido e levado de volta para Boituva.

Apesar de a PM ter informado a emissora que o pouso foi de emergência, o piloto informou que a decisão de pousar no local foi dele e afirmou que tudo ocorreu dentro da normalidade. O acidente ocorreu menos de uma semana depois da queda do balão em Capela do Alto, na mesma região.

O Ministério do Turismo disse nesta segunda-feira que pretende regular a prática de balonismo no país: “A expectativa é que, já na próxima semana, haja um avanço significativo nesse processo, em decorrência de uma reunião com as entidades envolvidas no tema”, informou o ministério.

Atualmente, as aeronaves registradas para este tipo de atividade não são certificadas e não têm garantia de aeronavegabilidade, por exemplo. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) considera o balonismo como uma prática desportiva, considerada de alto risco e “ocorre por conta e risco dos envolvidos”.

O Ministério do Turismo quer, portanto, uma regulamentação “específica e clara para a operação de voos de balão em atividades turísticas, visando garantir a segurança dos praticantes e impulsionar o desenvolvimento desse segmento no Brasil”.