
Uma moradora da Serra denunciou ter sido vítima de violência obstétrica durante o parto da filha no Hospital Municipal Materno Infantil da Serra, no último dia 12 de maio. Segundo o relato de Camila Lopes Mercês, o parto de Maria Alice, inicialmente previsto para a noite do dia 11, foi adiado para a madrugada do dia seguinte devido a atrasos na unidade hospitalar.
Já no centro cirúrgico, Camila afirma que foi preterida por outra gestante em situação emergencial. Ao ser finalmente chamada, relata que dois médicos participaram do procedimento, um obstetra e uma médica residente. O parto aconteceu com sérias dificuldades, com os médicos tentando, por cerca de 20 minutos, mudar a posição de sua filha para viabilizar a cesariana.
Em um momento crítico, a residente teria sido orientada a puxar a perna Maria Alice, prática considerada inadequada e perigosa.
Ainda segundo a mãe informou ao Jornal Tempo Novo, a residente chegou a alertar o médico de que tal conduta era crime. A resposta do obstetra, segundo Camila, foi: “É a partir dos meus erros que vocês aprendem”. Após a extração do bebê, a residente teria chorado compulsivamente e precisou ser retirada da sala de cirurgia.
Segundo a mãe, após o nascimento, a bebê chorava intensamente e não passou por avaliação pediátrica imediata. “Não houve avaliação de nenhum pediatra no momento, eles disseram que seria somente no dia seguinte”, disse Camila.
Após isso, ainda de acordo com Camila, seu marido e pai de Maria Alice ameaçou a chamar a polícia na Unidade de Saúde, porém a família recebeu um alerta da psicóloga da unidade, que teria dito para “não chamar a polícia, pois eles [médicos] poderiam pirraçar”.
Somente após a insistência da família foi feito um exame de raio-x, que confirmou a fratura da perna da recém-nascida. Antes do exame, a equipe médica teria sugerido que se tratava de uma má formação congênita, hipótese descartada após o exame.
Parto foi de “dificuldade extrema”, diz Prefeitura da Serra
A Secretaria de Saúde da Serra informou, por meio de nota, que foi realizado um parto de dificuldade extrema no último dia 12, pela equipe médica do Hospital Municipal Materno Infantil da Serra (HMMIS).
Disse ainda que após o parto foi constatado que a criança havia tido uma fratura e imediatamente foi feito atendimento pelo médico ortopedista pediátrico e iniciado tratamento logo após seu nascimento. “Mãe e bebê já receberam alta e o retorno com o especialista já está programado”, diz o texto da nota.
A Secretaria de Saúde também informou que solicitou esclarecimentos à Organização responsável por administrar o hospital, que alega ter solicitado exames de imagem imediatamente após o nascimento e que todas as medidas foram tomadas para preservar mãe e filho.
Contudo, a versão da mãe contradiz a informação. Segundo Camila, o raio-x só foi realizado após o marido relatar que testemunhou a tração da perna da criança durante o parto. Ela também denuncia a ausência de qualquer acolhimento psicológico ou institucional após o episódio.
“Em nenhum momento recebi apoio do hospital pela violência sofrida e até hoje não me deram nenhum retorno. Hoje recebi a notícia que minha filha, que segue agora o tratamento no Hospital Central, precisará ficar mais dois meses com o gesso”, finalizou Camila.
FONTE: TEMPO NOVO
