Assembleia dá início a projeto de formação política para jovens

Temas como a importância da política, papel e relação entre os Poderes e estímulo à participação dos jovens na vida pública foram abordados em aula

Com um Plenário Dirceu Cardoso lotado de jovens, foi realizada a aula inaugural da Escola de Formação Política para os Jovens, projeto desenvolvido pela Assembleia Legislativa (Ales). O lançamento contou com a presença de deputados estaduais, prefeitos, vereadores, autoridades, coordenadores, professores do projeto e, claro, de muitos inscritos na escola.

O presidente da Casa, deputado Marcelo Santos (União), ministrou uma palestra para os jovens. Ele mencionou que o papel da Assembleia é fiscalizar os atos do Executivo e autorizar as obras com as quais o mesmo se compromete por meio do Orçamento, aprovado pelo Legislativo estadual.

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Na sequência, falou um pouco sobre o início da sua trajetória na política, iniciada como vereador por Cariacica, em meados da década de 1990, e seguida por seis mandatos consecutivos como deputado estadual, a partir de 2003. “Quando cheguei aqui o Estado estava totalmente quebrado. Estava com três meses de salários atrasados para todos os servidores. (…) O Estado não tinha dinheiro para quase nada, quase seis meses de greve dos professores e tinha pedido de intervenção federal no Estado”, lembrou.

Ele contou que o então governador Paulo Hartung reuniu alguns deputados para apresentar a situação crítica em que se encontrava o Estado, informou que um levantamento da equipe de governo apontava que não seria possível cumprir nem 10% do prometido em campanha porque não havia recursos, sendo necessário buscar apoio junto ao governo federal para equilibrar as contas.

“Fomos a Brasília pedir a antecipação de receita de royalties de petróleo para o governo federal (R$ 370 milhões). Prometemos fazer um programa do que iria ser feito com os recursos. Trinta dias depois recebemos o aceno do presidente Lula (PT). Era uma antecipação de quatro anos, tinha um ágio, era como se fizéssemos um empréstimo. Colocamos o salário dos servidores em dia, pagamos os fornecedores. Fizemos uma reorganização do nosso Estado”, exaltou.

Para o parlamentar, essa história mostra que o principal ingrediente da política não deve ser o viés ideológico, mas o resultado da gestão. “Se fosse o tempo de hoje, lá em 2002 não conseguiríamos (fazer essa reorganização), porque a ideologia falaria mais alto e a população não teria nada”, comparou.

Marcelo elogiou os três mandatos de Paulo Hartung e os três de Renato Casagrande (PSB) à frente da administração pública estadual, mencionando que cada um deles contribuiu para a estabilidade do Espírito Santo. Ressaltou, ainda, que os pilares de uma boa gestão pública devem ser equilíbrio fiscal, planejamento estratégico, participação popular, transformação digital, inovação e transparência. 

Também recordou que em 2002 o Orçamento estadual era de R$ 3,7 bilhões, e que agora é de R$ 32 bilhões. “Chegamos aqui com respeito e diálogo, conseguimos enfrentar todos os desafios e encontrar soluções, por mais que não sejam imediatas, foram planejadas num fatiamento”, explicou.

Por fim, disse para os jovens que o projeto da escola tem como um dos motes mostrar para eles que nada acontece por acaso, que é preciso planejamento no município, no estado e na União, além de relações harmônicas entre os Poderes. “O diferencial nosso é que no Estado os Poderes e as instituições são autônomos e independentes, divergimos, mas temos harmonia”, frisou.

Alexandre Xambinho (Podemos) foi outro parlamentar a falar um pouco para os jovens. Ele relembrou sua trajetória em Barcelona (Serra) e contou que recebeu o incentivo de Marcelo e de membros da sua comunidade para ser candidato a vereador. Apesar da derrota na eleição de 2008, ele não desanimou e foi eleito em 2012 e reeleito em 2016. Posteriormente, foi eleito deputado estadual em 2018 e reeleito em 2022.

“Não podemos parar onde a gente chega. O Marcelo tem essa visão de apostar no desenvolvimento do Estado e apostar nas pessoas. Cada um aqui tem um sonho e esse sonho é capaz de ser realizado. Precisamos de boas pessoas na política. O Estado só mudou por causa de pessoas interessadas em mudar a realidade do Espírito Santo”, afirmou.

Quem também fez um pronunciamento foi o deputado Delegado Danilo Bahiense (PL). “Eu entrei na política porque estive na polícia por muitos anos. Atuei durante anos, prendi mais de 20 mil pessoas, mas na política posso fazer muito mais na vida das pessoas. Fui candidato a deputado estadual em 2010 e em 2014, não ganhei, mas não desisti. Em 2018 fui candidato de novo e fui o quarto mais votado da Assembleia”, salientou.

Oportunidades

De acordo com a secretária da Casa dos Municípios e coordenadora da Escola, Joelma Costalonga, foram 700 inscrições no projeto, ou seja, 700 pessoas que demonstraram interesse em ter a oportunidade de fazer a diferença na vida dos outros. Ela citou que o atual prefeito de Santa Teresa, Kléber Médici (PSDB), foi aluno da Escola de Formação.

“A escola não é fechada, é aberta aos espaços públicos, ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público, aos servidores e deputados desta Casa. Todos podem estar nos 11 municípios (do projeto)”, disse. Para ela, os jovens querem ser protagonistas de suas respectivas histórias e a escola trabalha com essa perspectiva de promover a mudança de comportamento social. 

Joelma destacou que 11 municípios vão participar do projeto. Ao todo são 80 horas de aula sobre temas como gestão pública, políticas educacionais, direitos humanos, responsabilidade fiscal, entre outros. Os encontros ocorrerão a cada 15 dias. “Acreditar no conhecimento e na força que o conhecimento pode fazer na vida das pessoas é muita coisa. Você planta a semente e deixa germinar no coração das pessoas. Quando você planta o bem, você colhe o bem”, concluiu.

Uma das professoras do projeto, Sônia Lúcia de Oliveira Santos, falou que participou do projeto anterior da escola, capitaneado pelo ex-deputado estadual Padre Honório. Ela acredita que uma de suas missões como cidadã é colaborar com a educação. 

“Acredito que tudo passa pela educação e a escola é um espaço de formar cidadania, pois de lá podem sair vereadores, prefeitos, deputados e, quiçá, um presidente da República. Temos aqui ex-alunos da escola, como o vereador por Nova Venécia Marlon”, apontou.

Dona Sônia elogiou a grade curricular da escola, ressaltando a contribuição do projeto para a formação de cidadãos que cumprem deveres e exigem seus respectivos direitos. “Saúdo aos colegas que se colocaram à disposição para, junto com a Assembleia, cumprir essa missão de incentivar a juventude na cidadania e no cumprimento de direitos e deveres”, assinalou.

Participantes

Quatro alunos matriculados tiveram a oportunidade de fazer um pronunciamento da tribuna da Ales. Theo Lima, de Nova Venécia, reforçou que a educação não é somente um direito da população, mas um dever a ser proporcionado pelo poder público. Já Livya Luiza, de Conceição da Barra, falou que a escola vai ser uma oportunidade de aprender um pouco mais sobre política e temas como consciência de classe ou racial.

Luana Pinto, de Jaguaré, contou que foi candidata a vereadora pelo município, tendo recebido 171 votos, mas não foi eleita. Ela vê na escola uma ferramenta para os jovens aprenderem sobre política e, futuramente, ocuparem esses espaços. “A educação tem que ser essa porta de entrada e essa escola é um pontapé de entrada (na política). Que nas próximas eleições sejamos os próximos vereadores eleitos e, quem sabe um dia, deputados”, projetou.

Para Cosme Camargo, de Nova Almeida (Serra), as aulas ministradas na escola vão apontar um caminho para a representação de suas respectivas comunidades no futuro. “A política em alguns momentos tem se afastado da população, então tomei coragem de fazer esse curso para, quem sabe, futuramente me candidatar”, avaliou.

Marcelo Santos fez uma fala ao final do evento destacando o conhecimento como um bem comum, que deve ser compartilhado e levado a todos. “Fico feliz em compartilhar a experiência que adquiri ao longo tempo, a minha vivência. Somos a Assembleia mais transparente do Brasil. Tudo que a gente faz aqui é publicado, e não é uma agulha no palheiro. Somos o Poder mais transparente do Estado. Somos a primeira Assembleia digital do Brasil e ganhamos um prêmio por causa do Arranjos Produtivos”, finalizou.

Além de vários dos citados, fizeram parte da mesa de trabalho os prefeitos de Alfredo Chaves, Hugo Luiz (PP), e de Jaguaré, Marcos Guerra (União); os vereadores por Vitória Aylton Dadalto (Republicanos), por Serra Rafael Estrela do Mar (PSDB), por Linhares Roninho Passos (Podemos) e por Nova Venécia Marlon do Bonfim (PSB); o diretor da Diretor da Escola do Legislativo, Sergio Majeski; o defensor público-geral, Vinícius Chaves; e diversos coordenadores do projeto da escola nos municípios.

Fonte: ALES