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Após cumprir pena por envolvimento no assassinato de Eliza Samudio, o antigo amigo do goleiro Bruno Fernandes, Luiz Henrique Ferreira Romão, também chamado de “Macarrão”, se tornou treinador de futebol em Pará de Minas, no Centro-Oeste mineiro. Ele abriu uma agência, onde treina crianças para serem goleiras e jogadoras “de alto rendimento”, conforme ele anuncia em redes sociais. Ele ficou nacionalmente conhecido ao ser apontado pela Justiça como a pessoa que pegou Eliza à força no Rio de Janeiro e a levou para um sítio em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde ela teria sido assassinada.
O processo dele foi extinto após o cumprimento total da pena em novembro do ano passado. Ele foi condenado a 15 anos de prisão em regime fechado por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, a modelo Eliza Samudio – e por sequestro e cárcere privado. Ele cumpriu pena entre 9 de setembro de 2011 e 2 de novembro de 2024.
Macarrão era amigo do goleiro Bruno desde a adolescência. A amizade deles foi tema de uma tatuagem de Luiz Henrique em homenagem ao amigo, que “nem mesmo a força do tempo” iria destruir a relação. Em entrevista a O TEMPO em 2020, Bruno alegou que Macarrão era “a chave de tudo” e que torcia para ele “contar realmente a verdade”. “Acho que ele deve isso para a sociedade. Se ele foi a última pessoa a estar com a Eliza, por que ele não fala onde ela está então? Fala o que aconteceu realmente com ela. Não o que ele falou lá no júri, porque o júri é mentira”, ressaltou. Bruno disse que Macarrão já lhe contou o que realmente aconteceu, mas que caberia ao ex-braço direito esclarecer o caso. Macarrão não quis se pronunciar à época.
Depois de retomar a vida com um lava-jato na cidade, Luiz Henrique virou treinador de futebol em Pará de Minas. No último fim de semana, Luiz Henrique abriu as redes sociais para compartilhar imagens de um título que conseguiu comandando garotos em um torneio disputado em Itaúna, na mesma região. Durante a preleção da final, que é a conversa do treinador no vestiário com os atletas, Luiz se emocionou e deu o que chamou de testemunho de vida.
Sem citar abertamente o caso Eliza Samudio, ele se emocionou e lembrou de quando ficou mais de 8 anos atrás das grades. “A minha vida é um testamento de Deus, nem meu filho sabe o que passei, mas a mãe dele sabe. Um dia no lugar fechado, eu não tinha mais nada, eu não tinha meus filhos, minha esposa, minha mãe, meu pai, por erro meu, o erro foi só meu, eu errei na minha vida. E por que estou falando isso? Deus me deu uma oportunidade de ficar 8 anos e 4 meses trancado num lugar, mas eu falo, isso é a realidade. Cuidado com quem vocês andam, Deus no primeiro lugar. Quando acontecem as coisas ruins, a gente se perde. Vai tudo por água abaixo, como foi na minha vida”, falou.
Luiz Henrique contou que clamava ao Senhor uma oportunidade de não perder a família, mesmo sabendo que tinha errado. “Deus foi me dando oportunidade de degrau em degrau. Me deu oportunidade de estar aqui, nunca imaginei estar aqui. Fui esculachado, tacaram pedra, não vamos entrar nessa situação, mas quando a gente erra, a gente sofre”, disse.
Nas redes sociais, Luiz compartilha as atividades no esporte ao lado dos alunos. Nesse domingo, ele foi parabenizado por várias crianças e responsáveis pelo título em Itaúna. A reportagem procurou Luiz Henrique e a advogada, mas ambos não responderam. Depois do contato da reportagem, Luiz voltou a restringir a rede social.
FONTE: O TEMPO