Alho capixaba ganha variedades maiores e sem vírus
Projeto desenvolvido por Incaper e Embrapa transforma cultivo e anima agricultores com produtividade maior, bulbos graúdos e plantas mais resistentes
16/11/2025, 18h04
A colheita das novas variedades de alho desenvolvidas no Espírito Santo já começou e os primeiros resultados têm animado produtores em várias regiões do estado. Com bulbos maiores, dentes graúdos e plantas livres de doenças, o produto marca uma nova fase para o cultivo capixaba graças a um projeto conduzido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) em parceria com a Embrapa.
A iniciativa teve início há dois anos e começou a transformar o cenário produtivo em propriedades familiares, como a de Rosemiro Schmidt, agricultor de Rio Claro, interior de Santa Maria de Jetibá. Ele integra a terceira geração de uma família tradicional no cultivo do alho, mas decidiu inovar ao adotar sementes submetidas a um processo de “limpeza” em laboratório.
As sementes utilizadas pelos produtores passaram por um rigoroso tratamento conduzido pela Embrapa, em Brasília, que elimina vírus e doenças que afetam os bulbos. Segundo a pesquisadora Andrea Costa, do Incaper, o processo ocorre em várias etapas:
“Os bulbos passam por termoterapia, com aumento controlado de temperatura para eliminar vírus. Depois seguem para cultura de tecido, multiplicação em casas de vegetação e, por fim, para o campo. O resultado é um alho sem doenças, sem vírus e com tamanho superior ao convencional.”
Alho produzido no ES/Redes sociais
Andrea reforça que não existe modificação genética nas variedades. O salto de produtividade vem exclusivamente da limpeza sanitária e da seleção do material mais saudável.
“Estamos trabalhando com essas variedades desde 2023. As cabeças são maiores, os dentes também, e o agricultor obtém rendimento muito maior por hectare.”
Famílias apostam na inovação
Rosemiro e a esposa, Sanderli, plantaram pela primeira vez três variedades: Roxão, Amarante e Ouro Branco. A colheita começou em setembro.
“A qualidade impressiona. São cabeças grandes, com menos dentes e dente bem graúdo. O alho tradicional até cresce, mas dá muitos dentes. Esse novo material é diferente, mais uniforme e valorizado.”, explicou o produtor.
Além de Santa Maria de Jetibá, agricultores de Domingos Martins foram os primeiros a receber as novas sementes. Hoje, o projeto se expandiu e está sendo testado também em Muqui, Linhares e Colatina, com foco em avaliar o comportamento das variedades em climas mais quentes e úmidos.
O engenheiro agrônomo Protaze Magevski destaca que o alho livre de vírus aumenta a competitividade do produto capixaba no mercado interno, especialmente diante da presença de alho importado.
“Esse alho agrega valor à produção. Ele apresenta calibre maior, padrão superior e entra no mercado com menos concorrência direta, porque entrega uma qualidade acima do que costuma ser encontrado.”
Após a colheita, o alho passa por um período de cura de até 30 dias antes de seguir para feiras e supermercados. Embora ainda estejam em fase de avaliação, os primeiros resultados comprovam que o programa tende a elevar o patamar da produção regional.
Andrea Costa reforça que, apesar de o material ser entregue livre de vírus, ele pode voltar a ser infectado ao longo dos plantios — algo normal na cultura. Por isso, o Incaper garante fornecimento contínuo de material limpo aos agricultores.
“O programa assegura que os produtores sempre tenham acesso a sementes livres de vírus. É isso que mantém o padrão alto e a produtividade elevada ao longo dos anos.”
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