
Uma advogada do Oregon (EUA) “voltou no tempo” da alta-costura e passou a se vestir como se vivesse no final do século XIX. Em dias comuns, Adelaide Beeman-White, de 27 anos, usa longas saias feitas à mão, mangas bufantes, chapéus de penas e até mesmo um sombrinha, imitando o estilo de vida da Era Vitoriana.
“Estou firmemente presa entre 1893 e 1898”, diz a advogada sobre o seu estilo vitoriano. “Adoro esse período, principalmente porque as roupas são melhores”, acrescenta.
Em seu perfil no Instagram, Adelaide se apresenta como “advogada de profissão, senhora da década de 1890 em todos os outros momentos”. Ela utiliza frequentemente a rede social para compartilhar fotos dos seus “looks retrô”, que incluem até mesmo luvas de couro e uma chatelaine — cinto de metal decorativo equipado com acessórios que vão desde cortadores de unha a uma bolsa de moedas que se assemelha a um canivete suíço.
Nos dias de trabalho, em que não tem permissão para usar as peças nostálgicas no tribunal, a moradora de Oregon opta uma roupa habitual separada para o juiz: um blazer preto simples.
O fascínio pelo século XIX começou ainda na infância, quando a advogada trocou seus jeans por uma saia, com o tempo cada vez mais comprida e enfeitada com renda.
“A velocidade da vida moderna me incomoda desde que tenho memória”, afirma.
No início do ensino médio, Adelaide “mergulhou de cabeça no papel””e se tornou até uma “celebridade” no seu bairro. Vizinhos a comparavam à personagem do cinema Mary Poppins, segundo sua mãe, a terapeuta Harriet Beeman.
Além da estética, Adelaide sugere que o ritmo de vida vitoriano beneficia a mente:
“Precisamos levar o nosso tempo com as coisas. Focar em realmente aproveitar a vida. É muito ruim para o psicológico das pessoas ficar correndo de um lado para o outro sem tirar um tempo para sentir o cheiro das flores”.
Estilo de vida simples
O estilo pode ser comparado ao Cottagecore, um movimento cultural e uma tendência de moda que idealiza e celebra um estilo de vida simples e bucólico, inspirado no campo e na natureza. Geralmente, esse estilo romantiza épocas “mais simples” e se baseia em obras como “Mulherzinhas” — romance de Louisa May Alcott, de 1868 — e a “A Casa na Pradaria” — série de livros infanto-juvenis de Laura Ingalls Wilder, de 1935.
O movimento nostálgico é celebrado por diversas personalidades na internet. Dois exemplos são a inglesa Jessica Kellgren-Fozard e a brasileira Isabelle Abreu, que se apoiam na estética retrô não apenas na forma de se vestir, como também no conteúdo que produzem.
Adelaide mostra ainda que a tendência não é somente estética, mas sim um modo de vida. Além do guarda-roupa celebrativo, a advogada ilumina seu quarto com lamparinas a óleo e costuma costurar e remendar as próprias roupas com tecidos vintage.
“As descobertas e os avanços tecnológicos que ocorreram de 1890 a 1910 devem ter sido um dos períodos mais emocionantes para se viver”, comenta ela, esclarecendo que celebra as reformas da época, como os sindicatos e a luta feminina pelo direito de votar, e não as “políticas opressivas, repressivas e cruéis que estavam acontecendo naquela época”.
* Estagiária sob supervisão de Fernando Moreira
FONTE : EXTRA