A conivência do ex-ministro da Previdência diante das fraudes no INSS exige investigação rigorosa

Como titular da pasta, Lupi não era um novato na administração pública. A sua função exigia zelo absoluto pela coisa pública e obediência irrestrita ao princípio da legalidade

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A participação do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS trouxe à tona uma série de declarações que, longe de esclarecer os fatos, revelam uma preocupante negligência administrativa. Ao admitir que “faltou uma ação mais enérgica” diante das denúncias de irregularidades nos descontos aplicados aos benefícios de aposentados, Lupi expôs não apenas a sua omissão, mas também a fragilidade ética de sua gestão.

Como titular da pasta, Lupi não era um novato na administração pública. A sua função exigia zelo absoluto pela coisa pública e obediência irrestrita ao princípio da legalidade. Ao tomar conhecimento das denúncias, ele tinha o dever de agir com firmeza e celeridade. A ausência de providências imediatas, nesse contexto, não pode ser tratada como simples falha — trata-se de uma conduta que pode configurar responsabilidade disciplinar, civil e até criminal.

Durante seu depoimento, Lupi afirmou que o governo já acompanhava possíveis irregularidades nos descontos aplicados aos aposentados. No entanto, como ministro, ele representava o próprio governo nesse contexto. A alegação de que só compreendeu a dimensão da fraude após o avanço das investigações da Polícia Federal soa como uma tentativa de se eximir da responsabilidade. A contundência da ação estatal é essencial para apurar denúncias graves, e a ausência dessa contundência agrava a negligência.

A atuação de Lupi, marcada por omissão e justificativas frágeis, comprometeu a credibilidade da administração pública e causou prejuízos incalculáveis aos aposentados. A responsabilização exemplar — inclusive com medidas como sequestro de bens e eventual prisão, conforme previsto em lei — é necessária para restaurar a confiança na gestão pública e garantir justiça aos lesados. 

Como símbolo de respeito à ética pública, o ex-ministro da Previdência deveria ter se afastado da Presidência do PDT até que sua inocência fosse oficialmente reconhecida. A permanência no cargo, diante de suspeitas, compromete a credibilidade do partido e transmite à sociedade uma mensagem de tolerância com práticas questionáveis.