
Cachoeiro de Itapemirim, coração pulsante do sul do Espírito Santo, merece serviços de saneamento à altura de sua gente trabalhadora. Mas, em 2025, a BRK Ambiental, que assumiu a concessão de água e esgoto em 1998, está no centro de um furacão de denúncias que expõem uma verdade incômoda: a privatização, vendida como solução mágica, pode estar custando caro demais aos cidadãos. Irregularidades contratuais, poluição ambiental e tarifas abusivas formam um cenário que clama por revisão urgente e, quem sabe, até por uma ruptura.
Um Rio de Problemas
Imagine o Rio Itapemirim, orgulho local, transformado em depósito de esgoto bruto por 11 dias, como denunciado em agosto de 2025. A BRK, que alardeia 97% de coleta de esgoto, foi pega em flagrante pela Agência Municipal de Regulação (Agersa) e pela Secretaria de Meio Ambiente, levando multas de R$ 650 mil. Não é incidente isolado: um aterro irregular na Ilha da Luz, sem aval da Agersa ou da AGERH, reforça a negligência ambiental. Como confiar em uma empresa que, após 27 anos, parece mais preocupada em lucrar do que em proteger nossos recursos naturais?
Tarifas que Sufocam
E o que dizer das contas de água? Uma tarifa mínima de R$ 76,50 para residências – contra R$ 43 em Itapemirim, onde o serviço é público, é um tapa na cara do consumidor. No comércio, a cobrança chega a R$ 223! O vereador Vitor Azevedo (Podemos) escancarou o que muitos já sentiam: um suposto “esquema” entre gestões passadas e a BRK, com antecipações de outorga, como os R$ 15 milhões pagos sem contrapartida em reservatórios ou manutenção. O resultado? Tarifas infladas e serviços aquém do prometido. Enquanto isso, a empresa se gaba de investir R$ 429 milhões, mas onde estão os frutos para a população?
O Aditivo que Desequilibrou
A gota d’água veio com o 14º Termo Aditivo ao contrato, um cheque de R$ 309 milhões que o Tribunal de Justiça (TJES) suspendeu em setembro de 2025. O Ministério Público (MPES) apontou o óbvio: falta de transparência, fiscalização frouxa e reajustes de 4% nas tarifas sem justificativa técnica. A decisão da desembargadora Janete Vargas Simões foi um alívio, mas também um alerta: o contrato, que vai até 2048, está sob risco se a BRK não se alinhasse às metas do Marco Legal do Saneamento (99% de cobertura até 2033). A Prefeitura, sob Victor Ferraz, finalmente parece disposta a endurecer o jogo, mas a pergunta persiste: por que demorou tanto?
Um Chamado à Ação
Não dá mais para aceitar que Cachoeiro pague o preço da ineficiência disfarçada de modernidade. A BRK precisa ser cobrada – não com multas tímidas, mas com uma revisão profunda do contrato. A Agersa e o MPES estão certos em apertar o cerco, mas a população também tem voz. Denunciar ao Procon-ES, pressionar vereadores e exigir transparência são passos para virar esse jogo. A concessão não é um cheque em branco; é um compromisso com o povo. Se a BRK não entregar, que perca o direito de operar. Afinal, água limpa e esgoto tratado não são favores – são direitos.
O que você acha? Até quando Cachoeiro vai tolerar esse descas