Por que o café está caro? Entenda a alta do grão

Você já deve ter percebido que tem ficado cada vez mais difícil tomar aquele cafezinho diariamente.

Você já deve ter percebido que tem ficado cada vez mais difícil tomar aquele cafezinho diariamente. De um tempo para cá o consumidor tem se espantando com o valor do café na hora de fazer as compras. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o preço do produto no varejo acumula um aumento expressivo de 110% nos últimos quatro anos.

Somente em 2024, o custo do grão para o consumidor final subiu 37,4%, e a expectativa é de novos reajustes nos próximos meses. De acordo com o economista, Ricardo Paixão, é importante compreender que por ser um produto agrícola o café tem uma sensibilidade muito grande às alterações climáticas.

“Se eu tenho chuvas intensas ou uma seca por um período prolongado, isso impacta muito na produção do café e, consequentemente, na oferta, reduzindo a oferta. Isso, por si só, já seria um fator que pressionaria os preços”, destacou.

Ricardo assegura que não é apenas um fator isolado que está fazendo o preço do grão crescer historicamente. Além das condições climáticas também é importante lembrar do crescimento da demanda. “O café faz parte da nossa cultura e cada vez mais os consumidores gostam de tomar uma xícara diariamente e, dependendo do nível de renda, quanto maior, mais irredutível a pessoa fica de substituir o café por outro produto, mesmo ele estando mais caro”, frisou.

Segundo o especialista, apesar do cenário de alta nos preços, o consumo de café no Brasil segue em crescimento. Ele contou que a demanda do grão, na maioria das vezes, com a dinâmica do setor, acaba crescendo e este aumento sempre aparece em uma intensidade maior do que a oferta, o que acaba também sendo um fator de impacto para a alta no preço.

Outra questão são as condições climáticas especiais para o sua produção, que segundo o economista também acabam reduzindo a oferta e implicando no valor final. Ricardo explicou ainda, que o café brasileiro tem uma destinação ao mercado externo, principalmente quando o dólar está mais elevado.

“Se o dólar aumenta a taxa de câmbio, se a taxa de câmbio se eleva, isso favorece as exportações. Isso intensifica o fluxo de café para o exterior. O mercado interno fica com a quantidade muito reduzida. Diminui a oferta de café aqui dentro. Isso também faz com que os preços internos se elevem desse produto”, ressaltou.

Em 2024 o Espírito Santo bateu recorde de exportação, enviando 8,3 milhões de sacas de café para fora do país. Segundo o economista, ao contrário do que muitos acreditam, exportações elevadas do produto não tem tanto impacto no mercado interno.

“Com a exportação a boa parte do produto vai para fora e com isso a gente tem um desabastecimento, uma quantidade menor de café sendo ofertado. Ai, a gente mantém o mesmo nível, mas com a demanda crescente, fazendo com que os preços se elevem também”, pontuou.

Um outro ponto não menos importante é o fato da agricultura possuir uma dinâmica muito diferente da indústria, já que o sua capacidade de recuperação é muito mais lenta. “Essa dinâmica diferente faz com que a gente tenha uma pressão nos preços porque o custo se eleva nesse tempo mais lento, resultando na alta do preço”, completou o especialista.

FONTE: Giulia Reis – ESHOJE