O declínio político de Paulo Hartung: rompimentos com seus três ex-vices

No instável xadrez político do Espírito Santo, Paulo Hartung (PH), ex-governador e filiado ao PSD desde maio de 2025, revela um padrão preocupante: o rompimento total com seus três ex-vice-governadores — Lelo Coimbra (2003-2007), Ricardo Ferraço (2007-2011) e César Colnago (2015-2018). Esses aliados foram essenciais para sua ascensão, oferecendo apoio partidário, articulação e estabilidade durante mandatos marcados por reformas fiscais que posicionaram o ES como referência em equilíbrio orçamentário.

Lelo garantiu profunda harmonia no primeiro mandato; Ricardo atuou como um “primeiro-ministro” em infraestrutura; e Colnago viabilizou coligações de seu partido, o PSDB, para a vitória de 2014 contra Renato Casagrande. No entanto, divergências pós-mandato, agravadas pelo perfil rancoroso de Hartung e sua desistência unilateral da reeleição em 2018 — motivada por pesquisas que apontavam derrota devido à greve da PM e ao ajuste fiscal excessivo —, resultaram em seu isolamento. Ele alegou incompreensão ao abandonar a disputa.

Hoje, sem diálogo com os ex-vices (todos no MDB), Hartung reside em São Paulo, dedicado a consultorias lucrativas, e planeja retornos incertos para 2026, como uma suposta aliança com o prefeito Pazolini (Republicanos), que o evita publicamente.

Esse utilitarismo relacional, tratando aliados como descartáveis, reflete seu declínio: de estrategista a figura solitária e vingativa, obcecada em sabotar rivais como Casagrande (candidato ao Senado) e Ferraço (sucessor ao governo). Diferente de líderes como Casagrande, que constroem redes duradouras, Hartung prioriza cálculos frios, erodindo seu respeito local apesar de elogios nacionais. Semelhante ao senador Magno Malta, ele tem mais reconhecimento externo que força política no ES.

Sobrevivente de dois cânceres, sua autossuficiência reforça o isolamento, sem gerar empatia.
Em um estado pequeno, com relações próximas, esses rompimentos destacam que Hartung construiu uma boa referência administrativa, mas falhou em legados de lealdade, humanidade e construções coletivas permanentes. A política exige mais que pragmatismo: requer construção coletiva. Seu fracasso em reorganizar-se desde 2018 questiona a sustentabilidade de suas escolhas, provando que líderes podem se autodestruir por falhas relacionais. O rompimento com seus três ex-Vices Governadores é o maior sinal disso.