Por Denise Miranda

As eleições de 2026 devem marcar um ponto de virada no uso da inteligência artificial (IA) como ferramenta estratégica em campanhas eleitorais no Brasil. A partir de experiências recentes no país e no exterior, especialistas apontam que a comunicação política tende a se tornar mais automatizada, segmentada e orientada por dados, alterando a lógica tradicional das disputas eleitorais.

A avaliação é do analista político Darlan Campos, que acompanha de perto a evolução das campanhas no país. Segundo ele, o uso de IA já observado em 2024 e 2025 deve ganhar escala e sofisticação em 2026. “As campanhas serão amplamente moldadas por essas ferramentas. Não se trata mais de tendência, mas de um novo padrão”, afirma.

Para além de recursos mais visíveis, como chatbots, vídeos sintéticos e geração automática de imagens, a IA deve atuar como uma engrenagem estrutural das campanhas. A tecnologia permitirá automatizar tarefas, analisar grandes volumes de dados eleitorais e produzir mensagens personalizadas de acordo com o perfil comportamental do eleitor.

A cientista política e especialista em tecnologia eleitoral Fernanda Nogueira, pesquisadora da FGV, explica que a principal mudança está na escala. Segundo ela, campanhas poderão testar centenas de variações de uma mesma mensagem, ajustando discurso, tom e formato em tempo real. “A IA transforma dados em estratégia de forma contínua — e isso muda completamente o jogo eleitoral”, observa.

Já o gerente de projetos e especialista em IA Yan Teixeira reforça que a tecnologia deve substituir a intuição como eixo central das decisões de campanha. “O comportamento do eleitor passa a ser medido quase em tempo real. Discurso, formato e linguagem serão constantemente ajustados com base em dados”, diz.

Na análise dos especialistas, esse novo ambiente tende a favorecer campanhas mais organizadas e tecnicamente preparadas, tornando a inteligência artificial um elemento central da disputa eleitoral de 2026.

FONTE: ES BRASIL